Em cinco meses de trabalho, Arthur Elias muda a mentalidade da seleção brasileira feminina

"Tenho certeza de que poderemos em pouco tempo mudar a realidade do futebol feminino no Brasil. A minha missão é trazer resultado já a curto prazo, nos Jogos Olímpicos."

Por LUCAS BOMBANA

Seleção feminina: Arthur Elias inova na convocação para a Copa Ouro

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando assumiu o posto de treinador da seleção brasileira feminina em setembro de 2023, Arthur Elias prometeu uma guinada na condução da equipe em relação ao trabalho da antecessora, a sueca Pia Sundhage.

"Tenho certeza de que poderemos em pouco tempo mudar a realidade do futebol feminino no Brasil. A minha missão é trazer resultado já a curto prazo, nos Jogos Olímpicos. A seleção brasileira precisa voltar a ser protagonista mundial, esse é o nosso objetivo", afirmou Arthur Elias na ocasião.

Embora o trabalho ainda esteja apenas no início --o contrato do treinador vai até 2027--, passados cerca de cinco meses desde sua apresentação na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o técnico que foi multicampeão com o time feminino do Corinthians parece já ter, de fato, conseguido promover mudanças importantes dentro da seleção brasileira. Em especial, em relação à mentalidade das jogadoras.

A maior prova disso veio na partida em que o Brasil venceu a Colômbia por 1 a 0 durante a Copa Ouro, que está sendo realizada nesta semana nos Estados Unidos.

Seleção sul-americana de melhor campanha na Copa do Mundo de 2023 na Austrália e na Nova Zelândia, quando avançou até as quartas de final, e contando com a jovem revelação Linda Caicedo, do Real Madrid, finalista no prêmio da Fifa (Federação Internacional de Futebol) de melhor jogadora do mundo, a Colômbia encarou a seleção brasileira pela segunda rodada da fase de grupos com o status de favorita.

Diferentemente da apatia que marcou a campanha brasileira no Mundial, quando o time foi eliminado ainda na fase de grupos após um empate frustrante com a Jamaica, no confronto contra as colombianas as jogadoras brasileiras demonstraram uma postura diferente.

Chegaram com determinação em todas as bolas divididas, com uma marcação alta desde o campo adversário. A postura foi fundamental para o gol que garantiu a vitória por 1 a 0, após a atacante Bia Zaneratto recuperar a bola na saída errada da goleira colombiana, com uma troca de passes na sequência até o gol dos pés da volante Duda Santos.

Além da nova postura da equipe, outra diferença nítida sob o comando de Arthur Elias é em relação às trocas constante de jogadoras --uma das críticas ao trabalho de Pia Sundhage foi uma suposta passividade excessiva da treinadora em momentos de dificuldade da equipe em campo.

No jogo contra a Colômbia, o técnico fez seis alterações em relação ao time que estreou na competição contra Porto Rico. E colheu bons resultados com a renovada formação defensiva formada pelas laterais Yasmin e Gabi Portilho e a zagueira Tarciane.

Um dos responsáveis por estabelecer as Brabas, como são conhecidas as jogadoras do Corinthians, como uma das principais forças do futebol brasileiro nos últimos anos, Arthur Elias tem também como trunfo a confiança que construiu com as atletas do Parque São Jorge, experiência prévia que faltava à sueca, que nunca havia trabalhado no Brasil antes de assumir a seleção em 2019.

Na convocação para a Copa Ouro, das 23 jogadoras, 12 atuam no futebol brasileiro, sendo seis do Corinthians, com 14 nomes que não estiveram presentes na convocação de Pia para a Copa de 2023.

Além da boa partida contra a Colômbia da zagueira Tarciane, no alvinegro desde 2021, na estreia contra Porto Rico, outra ex-comandada do técnico no período de Corinthians, a atacante Gabi Nunes saiu do banco de reservas para anotar o único gol da partida já nos minutos finais da segunda etapa.

Na madruga desta quarta-feira (28), com a classificação garantida para as quartas de final da Copa Ouro, o treinador fez mais nove substituições em relação ao time que bateu a Colômbia e conseguiu uma goleada por 5 a 0 contra o Panamá, com dois da ex-Braba Geyse.

"Estamos trabalhando justamente para passar mais confiança à seleção brasileira, que não vem de grandes resultados nas competições internacionais. Há um aspecto mental em que não vejo um excesso de confiança no momento. Pelo contrário, quero que tenham mais confiança e que entendam que cada jogo tem sua história", afirmou Arthur Elias após a vitória contra as panamenhas.

A seleção agora aguarda a última rodada da fase de grupos para conhecer o adversário nas quartas, com o próximo compromisso previsto para a madrugada de sábado (2) ou domingo (3). Independentemente de quem vier, o Brasil chega confiante, com um aproveitamento de 100% na fase de grupos --com sete gols marcados e nenhum sofrido--, em busca do primeiro título desde a Copa América em 2022.

"A história do jogo contra o Panamá acabou, e agora teremos uma partida com um caráter diferente, eliminatória. Estou muito contente com a resposta e quero mais disso: elas soltas em campo, felizes, confiantes", disse o treinador da seleção brasileira.