Ser estilista é estar atento ao comportamento social

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Estilista, o profissional muito al?m do desenho Ser estilista ? estar atento ao comportamento social, observando a economia, pol?tica, m?sica e a arte, pois a moda nasce disso

Priscila Magalh?es
Rep?rter
25/02/2008

Processo de cria??o, hist?ria da moda, desenho, l?ngua estrangeira, corte e costura, modelagem, t?cnicas de tecelagem e tintura. Estas s?o algumas disciplinas estudadas nos cursos de moda, de onde saem os estilistas, tamb?m conhecidos como figurinistas ou desenhistas de moda.

Criar as cole?es e coloc?-las no papel ? a principal atividade do estilista. Por isso, a criatividade e a habilidade para desenhar s?o os principais requisitos para ser um bom profissional. "O desenho ? o ve?culo t?cnico, pois, atrav?s dele, demonstramos o que foi imaginado", diz o estilista Carlos Elias de Souza.

Mas, se voc? pensa que ? s? pensar e desenhar, est? enganado, pois Carlos tamb?m enumera outros requisitos que o profissional de moda precisa ter. "Ele deve ter bom senso, bom gosto e um feeling psicol?gico para entender o comportamento das pessoas, afinal a moda ? criada a partir destes elementos", enumera.

Al?m disso, ele tamb?m coloca que ? importante saber captar as necessidades do mercado, e estas necessidades n?o s?o as mesmas de desejo de consumo. "Quando a ind?stria percebe que uma cor est? encalhada, por exemplo, ela contrata estilistas, eles criam em cima daquela cor e apresentam a cole??o. Mas, existem as pessoas que n?o querem consumir aquele tipo de roupa e t?m outros desejos de consumo".

Academia

Os cursos de moda s?o considerados novos no Brasil. Eles foram criados h? cerca de dez anos e a profiss?o n?o ? regulamentada. Existem os cursos t?cnicos, com forma??o em dois anos, e os cursos superiores, que duram cerca de quatro anos. Para o estilista, quem se forma no primeiro tem segurado a onda do mercado.

"Quem faz o tecn?logo, geralmente ? o profissional que j? est? atuando na ?rea, ent?o eles satisfazem mais o mercado, do que aqueles que se formam na faculdade", explica. Al?m disso, Carlos t?m observado que os estudantes est?o saindo da faculdade sem prepara??o. "Eles est?o inocentes do assunto. Acho que isso ? reflexo do despreparo do corpo acad?mico e tamb?m por causa da concorr?ncia. Os professores n?o v?o entregar todo o seu conhecimento", revela.

Juiz de Fora j? tem duas faculdades que oferecem o curso, sendo um t?cnico e o outro superior. Os dois s?o novos e come?aram em 2008. Para Carlos, o mercado daqui ainda est? fraco, pois a cidade n?o tem a cultura de moda. O profissional que quiser visibilidade deve procurar outros mercados, como o de S?o Paulo e Rio de Janeiro.

Na pr?tica

"O que tem prejudicado bastante ? o falso glamour que a profiss?o cria. Todo mundo acha que vai ser famoso e ser milion?rio. ? necess?rio contar com a sorte e encontrar a pessoa certa para te ajudar a crescer", conta ele. O sal?rio tamb?m varia muito, pois, como a profiss?o n?o ? regulamentada, n?o existe um teto estipulado. "Tudo depende do profissional e de quem est? contratando", diz.

Dentro da profiss?o de moda, a ?rea em que h? maior car?ncia de profissionais ? justamente a de cria??o. Mas, isso n?o significa que n?o h? profissionais. "O problema ? que estes criadores n?o s?o valorizados pelas ind?strias. Elas preferem fazer a colagem, ou seja, comprar cole?es do exterior e desenhar a sua em cima do que foi comprado". Al?m disso, ele se queixa que algumas ind?strias contratam o profissional por temporada, desperdi?ando um talento natural e dispon?vel.

Segundo ele, o mercado de tecidos de varejo est? em crise e o profissional que for optar por esta ?rea deve ficar atento. A importa??o de produtos chineses e coreanos est? fazendo com que a tecelagem brasileira n?o consiga concorrer. "O mercado de tecelagem brasileiro est? em crise, j? que 70% dos produtos estrangeiros s?o consumidos, mesmo n?o tendo qualidade e nem se enquadrando no modelo e tamanho dos brasileiros".

Este tipo de mercado vai ser extinto, o que j? ? "realidade nos grandes centros, como Belo Horizonte, S?o Paulo e Rio", comenta. Al?m disso, a rotina ? diferente para o estilista que trabalha nessa ?rea, j? que, diariamente, aparecem pessoas com gostos e objetivos distintos. "Todos os dias, eu tenho que interpretar as pessoas e saber o que sugerir. ? um exerc?cio di?rio e muito diferente do que vem a ser a profiss?o do estilista que trabalha em uma ?nica cole??o".

Outros caminhos

Dentro da moda existem outras ?reas al?m do estilismo. Al?m de desenhar e criar, o profissional pode atuar em produ??o de moda, quando ele trabalha com a cole??o pronta e s? a organiza. H? tamb?m a ?rea de fotografia, quando ele trabalha, em est?dio e junto com o fot?grafo, na produ??o das fotos para cat?logos.

O profissional tamb?m pode atuar na passarela, organizando a seq??ncia de entrada em um desfile para apresentar a cole??o. H? tamb?m a op??o de trabalhar no jornalismo, com assessoria de moda. Neste caso, ele vai divulgar informa?es para lojas e clientes, divulgando tamb?m o perfil da marca.

Carlos optou pela ?rea de cria??o h? cerca de 20 anos e est? satisfeito. O curso superior ? de Publicidade e fez cursos t?cnicos na ?rea de moda para ser estilista. "Pago todas as contas com esta profiss?o, ent?o sobrevivo do meu trabalho". Sobre os sonhos do passado, alguns ficaram para tr?s. "Estou estabelecido na profiss?o apesar de que alguns sonhos n?o consegui realizar e sei que n?o vou conseguir mais", confessa.