O Tupi, Alice e a cidade das maravilhas

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O Tupi, Alice e a cidade das maravilhas

Ailton Alves 03/03/2008

Nos dias seguintes ao da sa?da de Moacir Junior do comando do Galo ningu?m morreu. S?o assim as coisas. Vamos nos acostumando a contabilizar mais perdas que ganhos neste caderninho, nem sempre escrito, da vida. Perdemos, ? verdade, a lideran?a do campeonato, para o Cruzeiro. E temos, agora, o Atl?tico em nosso calcanhar. Por?m, os dois gols de Eraldo em Andradas, no empate contra o Rio Branco - o ?ltimo aos 48 minutos do segundo tempo - ajudaram a soprar para bem longe a tormenta que se temia. O time provou que tem maturidade e o novo t?cnico, Jo?o Carlos, mostrou sabedoria. Continuamos a acreditar com o fervor pr?prio da paix?o, mas com razo?vel raz?o, que faltam nove jogos e 62 dias para o Tupi ser campe?o mineiro.

O que ficou do epis?dio, no entanto - e ? preciso registrar - foi, mais uma vez, a s?ndrome da falta de ambi??o do Tupi Futebol Clube e da cidade de Juiz de Fora. O Galo, tal qual Alice, a do Pa?s das Maravilhas, tinha v?rios caminhos a seguir, neste resto de campeonato. Poderia muito bem, sem sobressaltos, continuar seguindo a escada para o c?u (como na can??o do Led Zeppelin) ou at? mesmo a trilha certeira, em linha reta, como a Avenida Rio Branco (Isso ? outra hist?ria, mas h? quem garanta que a avenida ? a maior em linha reta do Brasil.

Diz isso, ? claro, quem n?o conhece a Afonso Pena, de BH, trespassada pelas Guajajaras, Tamoios, Tupis, Tupinamb?s, Aimor?s... "todas no ch?o". Foi l? que Jorge, um brasileiro, descobriu a ilus?o que ? tentar levar as coisas no trilho, como um trem de Minas).

Por aqui, na conflu?ncia da Rio Branco com a Halfeld, ainda n?o descobrimos nada. Nem que tivemos, sem necessidade, de nos sentirmos ?rf?os, nesta altura do campeonato. Muito menos nos demos conta do quanto ? ruim aquela sensa??o de ter jogado fora um bilhete de loteria premiado.

Na quarta-feira, logo ap?s o programa Mesa de Debates da TVE ter anunciado, em primeira m?o, que Moacir J?nior estava indo embora sa? ?s ruas, esperava, ingenuamente, assistir a um clamor popular, ver os ?nibus Mundo Novo-Tupi, linhas 111 e 112, apinhados de torcedores em dire??o a Santa Terezinha para um apelo final. Que nada! Encontrei apenas dois bons amigos, que s? queriam de mim apoio em rela??o a supostos erros de arbitragem cometidos contra o Botafogo, a favor do Flamengo, na decis?o da Ta?a Guanabara. Mal sabiam eles que era eu quem precisava, naquele momento, de solidariedade.

Confrontado com uma pergunta crucial de Alice, a do Pa?s das Maravilhas, ("que caminho devo seguir?") o Coelho responde que se ela n?o sabe para onde quer ir serve qualquer caminho. No nosso caso, nunca soubemos onde queremos chegar. Que elite perversa ? essa? Que cidade ? essa , que vira sistematicamente as costas para o ?nico time da terra? Que clube ? esse que n?o consegue segurar um t?cnico por mais dez jogos, pouco mais de dois meses?

Moacir J?nior ? o menos culpado na hist?ria. N?o ? mercen?rio, n?o merece a pecha de comandante que abandonou o barco inconseq?entemente. Apenas agiu como outra Alice, a de Martin Scorsese, a que n?o mora mais aqui. Ela e ele mudaram de cidade em busca de reconhecimento e valoriza??o. Por aqui, por ora, o carinho e o apoio da maioria dos juizforanos v?o para Alfredo Sampaio, Cuca, Joel Santana e Renato Ga?cho - ou para qualquer um que seja t?cnico dos clubes do Rio de Janeiro.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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