Vida despedaçada, futebol (des) montado
Vida despeda?ada, futebol (des) montado
O Tupi, como de h?bito, perdeu todo mundo. Do goleiro Marcelo Cruz ao atacante Allan (que, juro, nunca pensei, nem de longe, que pudesse deixar Santa Terezinha um dia), passando pelo lateral-direito Henrique (disparado o melhor jogador na temporada passada).
De desmontes, ent?o, fica como exemplo o nosso Galo, conhecido entre n?s carij?s, n?o ? toa, como F?nix - aquele que renasce das cinzas, sempre.
De contrata?es, ficam como exemplos todos os demais clubes, que v?o movimentando o mercado, anunciando e trazendo novidades a cada minuto que abrimos os sites esportivos: Diego Tardelli no Atl?tico, Wellington Paulista no Cruzeiro, Carlos Alberto no Vasco, Diguinho no Fluminense, Maicosuel no Botafogo, Ronaldo Fen?meno no Corinthians, Cleiton Xavier no Palmeiras, Washington no S?o Paulo, L?cio Fl?vio no Santos..
S?o tantas as chegadas que a gente at? se perde. Confunde aquele que vai fazer a diferen?a com o outro que veio, como se diz na linguagem futebol?stica, s? para somar. S?o tantas as despedidas que o torcedor n?o tem nem tempo de lamentar ou comemorar a futura aus?ncia. Mas isso ? comum, no futebol e na vida: "Coisa boa ? poder partir sem planos, melhor ainda ? poder voltar quando quero".
O que ? igualmente comum, mas que raramente d? certo ? o exerc?cio de, com base nas contrata?es, montar um time imagin?rio no papel, nome por nome, e come?ar a contabilizar os t?tulos.
Ledo engano. Na verdade o que se faz ? uma grande aposta. No passado, quando o mercado era mais discreto, j? era assim o mundo da bola: uma esp?cie de loteria. Lembro de Raul chegando ao Flamengo, no final da d?cada de 70 como se estivesse em final de carreira. Sua apresenta??o na G?vea foi uma simplicidade espantosa: ele, uma lenda no Cruzeiro, de bolsa capanga ao lado de um outro cruzeirense, Eli Carlos, falando em ser reserva de Cantarelli. E recordo de um paraguaio chegando ao Fluminense, v?tima das piadas preconceituosas sobre quem vem daquelas bandas, para se tornar, meses depois, no Romerito at? hoje t?o amado pelos tricolores.
Apostas que deram certo. Das erradas nem ? bom falar. O ideal ? rasgar as anota?es como se joga fora o bilhete da Mega Sena acumulada que n?o deu em nada.
Aposta certeira mesmo, mas praticamente imposs?vel nos dias de hoje, ? o investimento na base. L? se v?o seis anos da ?ltima vez que aconteceu no futebol brasileiro: aquele fant?stico time de garotos do Santos (Diego, 16 anos, e Robinho, 17, ? frente) que encantou a todos e ganhou o campeonato nacional.
Na Copa S?o Paulo de Futebol J?nior, temos algumas promessas isoladas, mas nenhum time que chame a aten??o. Essas apostas individuais, no entanto, t?m mais chances de serem vendidos para o futebol europeu do que se tornarem um Raul ou Romerito.
? mais que loteria o mundo da bola. ? um mercado persa pronto para despeda?ar os clubes.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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