Atl?tico-MG e Flamengo, o amado e o odiado
Atlético-MG e Flamengo, o amado e o odiado
Para isso, voltamos lá na década de 1940, quando, através da Rádio Nacional, com sede no Rio de Janeiro, os narradores e comentaristas esportivos contavam, para todo o Brasil, os feitos de superação de um clube que vestia vermelho e preto naquela cidade. Não havia imparcialidade, talvez nem mesmo daquilo que era dito. Quando o Flamengo vencia, era idolatrado. Vitórias simples tornavam-se épicas nas vozes de quem contava, e, principalmente, para quem ouvia. O que era aquela bastilha rubro-negra? O que esse time seria capaz de fazer?
Os anos passaram e, com a chegada e a popularização da televisão no Brasil, ficaram mais evidentes os misteriosos milagres do rubro-negro. Torcedor do Mais Querido, Roberto Marinho, dono da Rede Globo, foi um dos principais contribuintes para espalhar o nome do clube por todo o país. Na década de 1980 e no início da de 1990, como todo fã de futebol sabe, o Flamengo ganhou tudo: cinco Campeonatos Brasileiros, Libertadores, Copa Intercontinental, Campeonatos Cariocas, Copa do Brasil... O time de Zico era daqueles que levava 195 mil pessoas ao Maracanã em uma final de campeonato. Não demorou muito e o rubro-negro ficou conhecido em todo o mundo, principalmente após a vitória sobre o Liverpool, em 1981.
Todo esse breve histórico para falar de como o Atlético-MG vem entrando no cotidiano do torcedor brasileiro. Se em 2013 as épicas reviravoltas deram o inédito título da Taça Libertadores para o Galo, esse ano a Copa do Brasil já entrou para a história após reverter, praticamente, dois 3 a 0 em menos de 90 minutos, contra Corinthians e o próprio Flamengo.
Eu sou torcedor do Flamengo e não escondo isso de ninguém. Talvez o meu "defeito" como torcedor seja gostar mais do esporte do que do meu próprio time - e olha que eu sou daqueles fanáticos, que compra produtos oficiais, pay-per-view, sócio-torcedor e ainda vai no estádio! E, quando o Atlético fez o quarto gol, não deu nem pra ficar p*** da vida com meu time. Foi muito merecida a vitória dos caras, simplesmente porque "acreditaram" até o final, porque mostraram ao Brasil todo que no futebol tudo é possível. Enquanto muitos não acreditaram, eles acreditaram.
Os feitos do Atlético tornaram-se ainda mais expressivos, desta vez, por ser contra o Rubro-Negro, acostumado a esse tipo de situação. Recebi muitas gozações de torcedores adversários, e a maioria deles com um "GALOOOO" no WhatsApp, no Facebook ou mesmo pessoalmente. De onde surgiram tantos atleticanos assim? É culpa do Flamengo, odiado por toda a torcida adversária, ou do Atlético-MG, dono de feitos incríveis nos últimos dois anos em mata-mata?
Acho que a resposta está em uma mistura das duas questões. Em Juiz de Fora, terra de supremacia rubro-negra em números de torcedores, estourou-se um foguetório logo após o gol da classificação. Gritos de "GALOOOOOO" eram ouvidos de bares e residências. Celebravam a derrota de um odiado e a vitória de um novo queridinho dos torcedores. Não falo isso de forma pejorativa. É um elogio. Ano passado, na Libertadores, foi a mesma coisa nas épicas classificações contra Tijuana, Newell's e Olímpia.
Para concluir o raciocínio, lógico que o Atlético precisa fazer muito mais. Pra começar, precisa vencer o maior rival na decisão da Copa do Brasil para consolidar a boa fase. Se conseguir o sucesso, precisa de fazer ainda mais: ganhar pelo menos mais um título, já que o Brasileirão não leva desde 1971.
O clássico dos dois melhores times do Brasil nos últimos dois anos promete ser eletrizante. Atlético e Cruzeiro não vai parar só Belo Horizonte, como o país inteiro vai se interessar pela decisão - principalmente após as duas últimas classificações do Galo. E aí, sua torcida vai pra quem?
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- Flamengo em Foco. Já atuou em veículos impressos da cidade e como assessor de imprensa na PJF e na Câmara Municipal.