JF Nas Copas – 1950

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Nem ta?a, nem Copa Juizforanos n?o choraram apenas a perda do t?tulo hist?rico em 1950. Lamentaram perder a oportunidade de sediar alguns jogos daquele ano

Ricardo Corr?a
Rep?rter
20/04/2006

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Talvez existam poucas frases feitas no futebol que sejam t?o famosas quanto o "De virada ? mais gostoso". Ent?o nada melhor do que dar a largada para contar a saga das gl?rias brasileiras pela derrota que fez com que tudo come?asse. No momento de contar a rela??o de Juiz de Fora com cada uma das conquistas brasileiras, come?amos n?o com a apoteose de uma vit?ria, mas com o choro amargo de uma derrota. A mais marcante da hist?ria do futebol brasileiro. O dia em que 200 mil choraram juntos no Maracan?. E esse choro, que come?ou no Rio de Janeiro, quando o ?rbitro encerrou aquele Brasil e Uruguai de 1950, em Juiz de Fora j? havia come?ado antes, quando, aos poucos, a cidade viu o sonho de sediar os jogos da Copa ir por ?gua abaixo. Seria a primeira e, muito provavelmente, a ?ltima chance para que Juiz de Fora recebesse uma partida da maior competi??o do mundo.

Comemorando seu centen?rio naquele ano a cidade respirava a expectativa de sediar alguns jogos da Mundial, como relata o "Di?rio da Tarde" publicado poucos dias antes da competi??o mundial come?ar.

"Ao que tudo indica veremos jogar alguns dos nossos concorrentes ao campeonato mundial, o que se pode garantir quase como certo", diz um dos textos. Mas a frustra??o de ver o sonho se perder j? come?ava a se tornar real quando, em 9 de junho daquele ano, o mesmo "Di?rio da Tarde" estampou que "As deser?es est?o prejudicando JF". Contou sobre o fato de que, com muitas sele?es desistindo de disputar o Mundial, as chances de ainda haverem jogos na cidade estavam diminuindo.

Mas a esperan?a morreu, e Juiz de Fora teve que se contentar em ostentar o m?nimo. Dizer que o juiz da partida inaugural da competi??o, entre Brasil e M?xico, "Mr. Geordes Reader" j? havia estado em Juiz de Fora... era muito pouco para quem sonhava em ser palco da maior festa do futebol mundial.

A Copa n?o foi aqui, mas foi perto. E exatamente por isso muita gente da cidade foi ao Rio de Janeiro assistir ?s partidas. Na ?poca, a viagem era bem maior. N?o as pouco mais de duas horas de hoje. Eram mais de cinco horas, seguramente. O jornalista Wilson Cid (foto ao lado), crian?a naquela ?poca, foi na final contra o Uruguai. Foi a primeira e a ?ltima vez que ele pisou em um est?dio de futebol para assistir ? uma partida. E assistiu a pior de todas para um torcedor brasileiro. Pena que ningu?m sabia disso antes e, exatamente por isso, 200 mil, ou 205 mil, como os mais detalhistas costumam dizer, foram para o est?dio j? comemorando o t?tulo que poderia vir naquela tarde.

"Eu nunca poderia imaginar que conseguiria ver um espet?culo com 200 mil pessoas em sil?ncio. Caladas juntas, e voc? n?o ouvia um pio. Nada al?m de choro", lembra Wilson.

Para ir ao Rio existiam duas op?es. Uma era o trem r?pido, que sa?a de da cidade para o Rio ?s 22h. Chegava l? no outro dia, ?s 6h. Muitos foram assim. Os outros iam de ?nibus, a maioria fretados. Isso causou um problema. Eram poucos ?nibus dispon?veis naquela ?poca e a escala??o de muitos deles para levar os torcedores ao Maracan? fez com que o transporte intermunicipal ficasse comprometido. Houve dificuldades para quem quisesse viajar para outras cidades naquele dia.

Para quem ficou aqui, a vida continuava. Mas n?o normalmente. Nas p?ginas do "Di?rio da Tarde", o esporte local ocupava mais espa?o que a Copa, freq?entemente, mas no dia da final foi diferente. At? os jogos dos times locais foram suspensos. Todo mundo iria poder ficar de ouvido ligado no r?dio, para ouvir, em cadeia, a R?dio Sociedade transmitir a partida que decidiria o t?tulo.

O pesadelo eterno

No dia seguinte, a manchete do jornal trazia, secamente, a morte de um homem, os 160 feridos na confus?o da final, muitos que desmaiaram de emo??o pela derrota do Brasil para a Celeste Ol?mpica. O drama foi no dia 17 e, dois dias depois, um texto de Arides Braga real?ava como JF, e todo o Brasil, viveram a maior derrota da hist?ria do futebol em nosso pa?s. "O destino n?o quis que o nosso Brasil obtivesse o t?tulo m?ximo do futebol. Depois de ter provado sobejamente que o seu 'association' ? o melhor do mundo". Assim ? o futebol.