Vereadores cobram recursos para a Lei de Incentivo ao Esporte

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Vereadores cobram recursos para a Lei de Incentivo ao Esporte

Vereadores cobram recursos para a Lei de Incentivo ao Esporte

Audiência pública levou à Câmara a atual situação dos atletas e equipamentos esportivos de Juiz de Fora

Thiago Stephan
Repórter
26/3/2012

A Câmara Municipal de Juiz de Fora realizou, na tarde desta segunda-feira, 26 de março, audiência pública para discutir a situação do esporte em Juiz de Fora e o cumprimento da Lei Municipal Mário Helênio de Incentivo ao Esporte.

Durante a reunião, vereadores avaliaram que a legislação pode ser um divisor de águas para o esporte local, desde que tenha um aporte financeiro fixo, de forma que atletas e agremiações possam requerer recursos por meio de projetos. Outro ponto abordado durante a audiência foi a criação de uma política que abra espaço, de forma segura, para os ciclistas de Juiz de Fora.

A audiência foi realizada a pedido do vereador Isauro Calais (PMN). De início, ele lamentou a redução do orçamento destinado à Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) em 2012: "Em 2011, o orçamento da secretaria era de R$ 19 milhões. Em 2012, passou para R$ 12 milhões", relata Calais. Outra preocupação do vereador diz respeito à segurança dos ciclistas: "Em 2011, aconteceram 188 acidentes envolvendo ciclistas." Por fim, ele questionou o secretário de Esporte e Lazer, Renato Miranda, a respeito de quais seriam as prioridades do esporte local em 2012.

Lideranças comunitárias presentes à audiência pública questionaram a situação dos campos de futebol da cidade, principalmente dos bairros Progresso e Santa Paula. Em sua fala, Miranda destacou a criação da SEL e afirmou cumprir a Lei Municipal Mário Helênio de Incentivo ao Esporte em quase sua totalidade. Ele reconheceu que é preciso maior investimento nos campos de futebol amador, mas destacou que houve evolução. Em relação à redução no orçamento, revelou que se deve à redução das contrapartidas previstas para a construção do ginásio municipal. "Em 2011, a nossa contrapartida era de R$ 4,6 milhões. Em 2012, caiu para R$ 1,7 milhão. A rigor, a redução foi de cerca de R$ 100 mil. Concordo que o investimento ainda é pouco, mas já estava previsto quando criamos a SEL. O que temos feito é buscar convênios e parcerias para tentar avançar", disse.

O triatleta Marcos Hallack (foto), único esportista da cidade presente à audiência pública, afirmou ter três vínculos com o esporte: é atleta de ponta, coordenador de uma equipe esportiva e organizador de eventos ligados ao esporte. "Acho que esses três pontos são afetados pela Lei Mário Helênio. Já passou da hora de atletas mendigarem recursos. Neste final de semana, levei atletas para competir no Rio de Janeiro. Como consegui? Mendigando. Por que o esporte não tem recursos como a Cultura? O esporte na cidade está doente. Em qual praça da cidade você levaria sua família para passear? A Universidade Federal de Juiz de Fora [UFJF] é um oásis. Não temos uma placa pedindo respeito aos ciclistas. Não temos uma área para treino dos ciclistas. O esporte está sendo relegado. Na Deusdedit Salgado perdemos uma excelente oportunidade para criar uma área para ciclistas. Várias cidades do mundo têm fechado suas ruas no final de semana para dedicar aos ciclistas, para caminhadas... Estamos muito atrasados. Não quero dinheiro da Prefeitura, quero que ela valide o meu esforço", desabafou.

À fala de Hallack seguiu-se o pronunciamento do vereador Flávio Cheker, que direcionou críticas pesadas à Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) que, em sua avaliação, trata o ciclista da cidade como um "estorvo". Cheker questionou o que o órgão tem feito em relação ao tema. Segundo o secretário Márcio Gomes Bastos, a Settra não deixa os ciclistas em segundo plano, garantindo que a ciclovia da Zona Norte está em vista de ser realizada. Bastos destacou também que uma das preocupações iniciais da secretaria é com a segurança dos ciclistas.

Vereador e secretário discordaram, ainda, quando Bastos afirmou que prática do ciclismo em Juiz de Fora é dificultada em razão da topografia da cidade, argumento questionado por Cheker, que relatou haver estudos dizendo justamente o contrário. O vereador questionou o fato do secretário não ter discorrido acerca de um plano cicloviário no município. Por fim, Calais sugeriu que a Prefeitura, como saída para a falta de recursos, desconte o Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) de academias e clubes de forma que possam abrir espaço para a prática esportiva de crianças carentes.

Os textos são revisados por Mariana Benicá