Bate papo virtual
Seja para conhecer, reunir ou matar a saudade dos amigos, as conversas virtuais j? fazem parte do cotidiano de muita gente
Fernanda Leonel
Rep?rter
16/02/06
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Hoje, o verbo, que virou sin?nimo do que se pode fazer na internet, est? mais
em voga que nunca e faz parte do cotidiano da galera web. Assim como no mar, as possibilidades de rotas nas p?ginas virtuais s?o
enormes. E dessa infinidade de novas a?es, surgem tamb?m novas realidades e novos
comportamentos. Um deles, e talvez o mais forte, ? a tend?ncia dos usu?rios
da "www", principalmente dos mais jovens, de se comunicarem atrav?s de
mensagens instant?neas e salas de bate-papo vituais. H? dois tipos de conversas virtuais. A primeira delas s?o as realizadas pela internet
e que conectam usu?rios de qualquer lugar na rede. Essas salas de bate papo
ou chats conectam pessoas atrav?s de interesses. Ou seja, os usu?rios da sala n?o precisam se conhecer, nem serem escolhidos ou
aceitos como "amigos" para conversarem. Qualquer um, desde que dispon?vel,
pode conhecer novas pessoas que se identifiquem com seu nome virtual ou
nick, ou que entrem em salas que digam sobre sua personalidade, idade
ou prefer?ncia musical, por exemplo. Outro tipo de conversa virtual s?o as provenientes de mensagens
instant?neas, realizadas atrav?s de softwares espec?ficos para isso.
Para o di?logo em programas como o ICQ ou o Microsoft Network Messenger
(o popular MSN), ? poss?vel fazer a sele??o dos amigos virtuais. Sele??o muitas vezes duvidosa, j? que tamb?m ? tend?ncia entre os usu?rios
da rede, adicionar novos amigos virtuais em suas listas de programas de
mensagem instant?nea para depois conhec?-los de verdade. ? a mistura das
duas pr?ticas de di?logo, aproveitadas "ao gosto do fregu?s". Novos h?bitos O MSN, programa escolhido pelo estudante tem mais de 300 contatos.
Gente de todo lado, conhecida da escola, do pr?dio, dos lugares que ele
frequenta, e que na maioria das vezes, se tornaram mais pr?ximos depois que
ele passou a conversar por mensagens instant?neas. Felipe conta que tem muitos contatos na sua lista que ele sequer nunca
falou. Pessoas que o encontraram no Orkut e que deixaram um recado pedindo para que ele as
adicionasse em sua lista, ou que tiveram seus contatos repassados por amigos
em comum. De contato em contato, Felipe acabou ganhando uma namorada. Depois de
conhecer uma nova colega de col?gio que acabava de chegar na cidade e de
bater papo com ela na internet atrav?s do programa, ele aceitou o convite
para conversar com Camilla, uma amiga da nova colega de classe,
que tinha ficado na cidade da qual ela se mudou. Papo vai, papo vem...E n?o ? que o relacionamento engatou? Hoje, eles comemoram
cinco meses de namoro e mesmo morando h? 500 Km de dist?ncia, conservam o
affair pelo
programa de relacionamento. Para falar sem timidez! "Eu fico vermelha s? de pensar que tenho que me apresentar no primeiro dia
de aula na escola. N?o consigo ir no meio da turma pra conhecer ningu?m, e,
depois que passei a usar o ICQ para falar com as pessoas que eu
sabia quem era, meu c?rculo de amizade dobrou". Ela conta que as primeiras conversas maiores com os amigos da nova turma
(Sofia acaba de mudar de col?gio) foram feitas via computador. E que depois
de conseguir se expressar teclando, ela at? consegue se relacionar melhor
com as pessoas "ao vivo". Sofia j? foi adepta das salas de bate papo na internet, mas diz que a m?e a
proibiu depois de um certo tempo. "Minha m?e n?o se importa que eu converse
com meus amigos pelo computador. Ela at? acha bom, porque assim eu me
solto. Mas em sala de bate papo que eu n?o conhe?o ningu?m, ela n?o deixa",
explica a garota. As conversas virtuais est?o t?o presentes entre os jovens, que at?
os irm?os de Sofia - Eduardo e Vanessa - de 08 e 10 anos, j? t?m suas
listinhas de amigos virtuais.
Voc? me entende?
Ela destaca que o computador muitas vezes, est? mais acess?vel para a
crian?a ou o adolescente que qualquer amigo, e que a vida
corrida dos pais, assim como o excesso de particulariza??o das cria?es de
hoje em dia, s? colaboram para que essa tend?ncia de comunica??o via
internet aumente. No entanto, apesar de acreditar que existem explica?es para o fato, a
psic?loga alerta: "? preciso ter consci?ncia que essa ? s? mais uma forma de
comunica??o, n?o podendo-se nunca ignorar o contato pessoal." Ela explica
que uma conversa virtual, n?o cria na crian?a e no adolescente, que ainda
est?o em forma??o, a no??o de afeto, solidariedade e habilidade social. Essa dificuldade de entendimento, foi inclusive tema de pesquisa. De acordo
com o Journal of Personality and Social Psychology , uma publica??o
cient?fica da ?rea respeitada em todo mundo, existe uma chance de apenas 50%
de o leitor interpretar corretamente o tom das frases do interlocutor em
conversas virtuais. O
estudo ainda aponta que quem l? a mensagem acha que est? correto 90% das
vezes. Para os pesquisadores, a pessoa acredita que foi entendida, porque muitas
vezes digita sua mensagem "ouvindo" o que est? dizendo. Certa de que a
mensagem foi repassada, passa a pr?-julgar todas as respostas da pessoa com
quem conversa, na expectativa de que ela entendeu plenamente a mensagem. E esse tipo de comportamento acaba gerando pequenas brigas e confus?es que poderiam
ser evitadas se a conversa fosse realizada pessoalmente. Pr?s e contras de
uma tecnologia que n?o p?ra de crescer!