Eles: Depressão p?s-parto

Por

Depress?o p?s-parto
Nem toda tristeza e choro da m?e depois do nascimento do beb? significa depress?o p?s-parto. Preste aten??o nos sintomas!

S?lvia Zoche
Rep?rter
21/02/06


A psic?loga cl?nica Geraldina da Costa Ribeiro esclarece a diferen?a entre depress?o p?s-parto e a tristeza que pode acontecer logo ap?s o nascimento do beb?. Clique e saiba!

Uma nova vida chega na fam?lia depois de nove meses de espera. Mas quando ele nasce, algumas mulheres ficam emocionalmente abatidas, choram ? toa, ficam tristes e inseguras na hora de cuidar do filho. Para alguns, isso j? ? motivo para achar que s?o sintomas de depress?o p?s-parto. Calma! A psic?loga cl?nica Geraldina da Costa Ribeiro (foto abaixo) lembra que isso ? normal nos primeiros quinze dias. "N?o ? pra se assustar e pensar que s? por estar triste, a mulher est? com depress?o p?s-parto", comenta.

Agora, se depois de quinze dias do nascimento, a mulher continuar assim, ? bom ficar de olho e procurar ajuda de um especialista. A depress?o p?s-parto traz preju?zos nas fun?es desempenhadas pela mulher em seu dia-a-dia. Ela tem dificuldade de cuidar do beb?, de si mesma, n?o consegue manter um bom relacionamento com as pessoas, inclusive com o marido.

Ali?s, a companhia do homem - seja marido, noivo ou namorado - ? de extrema import?ncia durante e depois da gravidez. "A presen?a e a compreens?o, o cuidado com o filho e com a mulher, dando acolhimento e suporte s?o essenciais. O que acontece, algumas vezes, ? que ele n?o entende o que ? depress?o e pensa que ? frescura. Ou, ent?o, se sente incapaz de ajudar a mulher e sai de perto pra n?o ver o sofrimento dela", diz a psic?loga.

O ideal ? que mulher tenha o amparo da fam?lia, mas sem que as pessoas fa?am tudo por ela. "Se ela for trocar a fralda, deixe que ela fa?a sozinha, ficando ao lado, caso ela pe?a ajuda. A mulher precisa se sentir capaz", explica Geraldina. Al?m disso, ? aconselh?vel procurar um psic?logo ou psiquiatra. "Se a mulher for a um psic?logo e ele perceber que ela precisa de rem?dios, o profissional vai encaminh?-la para um psiquiatra", explica.

Um coisa ? certa. N?o h? como saber se a mulher ter? depress?o p?s-parto ou n?o. "N?o d? nem pra dizer se uma mulher que teve depress?o antes da gravidez ter? ap?s o parto. Pode ser que sim, pode ser que n?o", enfatiza. Alguns fatores pr?-disponentes que podem desencadear o problema como, por exemplo, a gravidez indesejada, o relacionamento abalado durante este per?odo e discuss?es na fam?lia.

Abalos emocionais
Este foi o caso de C?tia A.L.*, atualmente, com 26 anos e com o filho de tr?s anos. "Nunca imaginei que fosse ter um problema desses. N?o tive depress?o logo em seguida. Mas os problemas come?aram desde o in?cio da gravidez", conta. Aos 22 anos, ela estava noiva de um rapaz de 20 anos e engravidou. N?o houve planejamento e ele queria que ela tirasse o filho. "Mas eu n?o quis em momento algum. Ele terminou comigo, dizendo que n?o tinha estrutura para ser pai".

Com dois meses de gravidez, foi fazer exames de rotina e uma m?dica disse que o filho dela estava com problemas e se n?o fizesse uma cirurgia logo, os dois iriam morrer. "Se n?o fosse outro m?dico pedir uma ultrassonografia, eu n?o teria meu filho hoje", lembra.

No terceiro m?s, o ex-noivo pediu pra voltar e convidou C?tia pra morar junto com ele e a fam?lia dele. "Antes eu n?o tivesse feito isso. L? s? tive aborrecimento durante toda gravidez. Os problemas eram tantos que sa? do meu emprego".

Isso sem contar que, no dia do parto, ela ficou mais de dez horas esperando para ter o beb?. "Vi at? a mulher do meu lado ter o filho sozinha, deslizando na maca. Foi horr?vel", diz.

Depois de ter o beb?, C?tia n?o teve leite. "Todo mundo na casa do meu ex-marido dizia que o menino iria morrer se eu n?o desse leite", conta. Uma semana depois, ela desmaiou. Quando acordou, n?o lembrava de mais ningu?m, nem dela mesma. E ficou assim por quase tr?s meses. "Nesse tempo, n?o amamentava, claro, porque fiquei sem leite e n?o sabia que tinha filho. Me levaram ao m?dico e me passaram mais de dez caixas de rem?dios. Eles diziam que se eu voltasse ao normal seria milagre de Deus. Foram tantos rem?dios que um dia meu corpo todo entortou".

Um detalhe: a ex-sogra dobrou a medica??o de C?tia, sem necessidade. "No Pronto Socorro, o m?dico disse que meu caso n?o era pra rem?dio e sim de conversa com um psic?logo. Assim que ele me deu um rem?dio, que cortou parte do efeito dos anteriores, eu comecei a lembrar das coisas", conta. Hoje ela est? bem, separada do marido e o filho est? ?timo. "Meu menino fica um dia comigo e o outro com o pai", diz.

*As iniciais s?o para preservar a identidade da fonte