Ações multidisciplinares contribuem para o resgate da autoestima de mulheres com câncer de mama
Ações multidisciplinares contribuem para o resgate da autoestima de mulheres com câncer de mamaA neoplasia é uma das mais tratadas em JF. O projeto De Peito Aberto envolve ações de fisioterapia, medicina, enfermagem, psicologia e serviço social
Repórter
14/1/2011
Entre os cânceres mais tratados em Juiz de Fora estão o câncer de mama e o de próstata, de acordo com dados da Comissão Municipal de Oncologia. A neoplasia de mama está entre as que mais matam na cidade.
Para tentar reverter este quadro, reduzindo o número de casos de câncer de mama, médicos e demais profissionais da área de saúde destacam a importância do autoexame e do diagnóstico precoce da doença. Além disso, o tratamento adequado é fundamental para o bem-estar daquelas mulheres que passam pelo problema, inclusive nos casos em que foi necessária a cirurgia de retirada da mama, a mastectomia.
"As mulheres que passam pelo processo de câncer de mama e precisam retirá-la enfrentam não só a doença, mas também o fato de passarem a viver sem aquela que é considerado o símbolo da feminilidade, que é cada vez mais valorizado em nossa sociedade", destaca a coordenadora do projeto De Peito Aberto, Simone Meira Carvalho.
Funcionando desde 2001, o programa, desenvolvido no Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), resulta no atendimento humanizado e integral a mulheres com câncer de mama, envolvendo áreas como fisioterapia, medicina, enfermagem, psicologia e serviço social. As ações são voltadas para os períodos referentes ao antes, ao durante e ao depois do processo de tratamento.
"Geralmente, as mulheres apresentam várias angústias e dúvidas, além, é claro, do próprio histórico de vida, que cada uma traz, que pode ser muito bom ou triste, podendo interferir diretamente na forma de lidar com a doença", lembra a fisioterapeuta, ressaltando a importância dos encontros individuais e em grupo, que podem incluir os familiares das pacientes. As ações do programa funcionam, então, como meio de esclarecimento e tratamento não só do aspecto físico, mas também do emocional.
"Depois de passar a integrar o grupo, estou mais relaxada. Senti que as dores melhoraram, a tensão e a vergonha passaram, além de experimentar o bem-estar emocional, já que passei a aceitar", afirma uma das integrantes do projeto, Ana Maria de Oliveira Rodrigues. Ela destaca, ainda, a ajuda mútua entre as pessoas que fazem parte do grupo, em função da troca de experiências.
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O acompanhamento
Os trabalhos são iniciados durante as consultas médicas. Em um segundo momento, é realizado o acolhimento, que consiste no apoio às mulheres, realizado por duas ou três áreas da saúde. "Buscamos conversar, esclarecer possíveis dúvidas que não tenham sido sanadas durante a consulta, além de falarmos sobre os direitos e as possibilidades. Tudo isso sem deixar de lado o emocional", explica Simone. O acompanhamento conta com ações voltadas para as informações técnicas, a socialização, o fator psicológico e o cultural.
A coordenadora lembra que o câncer de mama acaba por provocar importantes modificações sociais, que começam pela mudança no próprio corpo, no caso das mastectomizadas. "Eles precisam aprender a conviver com o novo corpo." O Grupo de Apoio Integrado, que está inserido no projeto De Peito Aberto, é voltado, especificamente, às mulheres que já passaram ou passarão pela mastectomia.
A hidroterapia como forma de socialização
Uma das atividades que fazem parte do projeto é a hidroterapia, que consiste no trabalho de fisioterapia realizado dentro de uma piscina aquecida. "A água é um meio que mexe muito com o lado emocional, além de tornar os exercícios mais relaxantes, e isso tem sido muito positivo para as pacientes. A água contribui, ainda, para a melhora dos edemas, além da atividade promover a partilha das experiências, o que leva ao auxílio mútuo."
Serviço
Atualmente, sete mulheres fazem parte do projeto De Peito Aberto. Para participar das atividades, não é necessário fazer inscrição. Qualquer paciente diagnosticada com o câncer de mama pode procurar as recepções do HU para se informar a respeito dos horários das atividades, que serão retomadas no mês de fevereiro, após o período de férias.
A unidade Dom Bosco do HU fica na avenida Eugênio do Nascimento s/nº, no bairro Dom Bosco. A unidade Santa Catarina está localizada na rua Catulo Breviglieri s/nº, no bairro Santa Catarina.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken