Rússia e China se unem para exibir aliança militar, mas teste foi minguado

Por JULIANA ALMIRANTE

SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O exercício militar exibido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, demonstra a aliança com a China, diante do cenário de mais de seis meses de guerra com a Ucrânia. No entanto, até então, o Vostok 2022 conta com uma quantidade reduzida de homens em relação à última edição, de 2018.

SOLDADOS E AVIÕES A MENOS

De acordo com informações da Folha de S.Paulo, ainda que os números sejam comumente contestados por especialistas, foram anunciados 300 mil homens em 2018. Também foi divulgado que aquele foi o maior exercício do tipo desde a Guerra Fria. Dessa vez, o Kremlin anunciou que o Vostok 2022 seria menor e envolveria 50 mil soldados.

Uma reportagem da CNN Portugal também mostra que, conforme os dados oficiais divulgados em 2018, os exercícios realizados à época envolveram mil aviões e mais de 30 mil tanques e veículos blindados.

Por outro lado, de acordo com o The Washington Post, o exercício militar que começou na última quinta-feira (1º) e vai até esta quarta (7) conta com, além dos 50 mil soldados, mais de 5 mil unidades de armas, incluindo 140 aeronaves e 60 navios de guerra. As informações são das autoridades russas.

A China encaminhou mais de 2 mil soldados e mais de 300 veículos militares para participar dos exercícios, segundo a imprensa chinesa. O contingente enviado por Pequim também inclui 21 aviões de combate e três navios de guerra. O Vostok 2022 ocorre em sete campos no Extremo Oriente da Rússia e no Mar do Japão.

UNIÃO COM CHINA E OUTROS ALIADOS

Segundo informações da Reuters, ao prosseguir com os exercícios militares, Putin parece enviar um sinal de que as forças armadas da Rússia seriam capazes de conduzir ações desse tipo, mesmo com as demandas da guerra.

Além da China, as manobras militares também incluíram forças da Índia, Argélia, Laos, Mongólia, Nicarágua, Síria e seis ex-repúblicas soviéticas.

O Ministério da Defesa russo divulgou ontem (6) um vídeo da parte naval do exercício, que mostra a frota praticando o lançamento de mísseis de cruzeiro Kalibr, que atingiram um alvo a mais de 300 km de distância.

Os Kalibrs são mísseis de alta precisão que podem ser disparados de navios, submarinos, caças e carretas de blindagem leve.

"O alcance e a precisão dos [mísseis] Kalibr permitem à Marinha da Rússia manter na mira alvos remotos, controlá-los e destruí-los facilmente", explicou o especialista em segurança Alex Betley ao Sputinik, a imprensa estatal russa.

O míssil Kalibr pode percorrer uma distância de 2 mil quilômetros (equivalente à distância entre São Paulo e Salvador), levando 700 quilos de explosivos. Essa carga de explosivos também pode ser nuclear.

Na segunda-feira (5), navios de combate russos e chineses praticaram o combate a um ataque aéreo inimigo com o uso sistemas de artilharia de defesa aérea. Na semana passada, navios de guerra dos dois países realizaram ações de defesa no mar do Japão, também conforme o ministério.

PUTIN ACOMPANHA EXERCÍCIOS MILITARES

Putin esteve no extremo leste do país para acompanhar os exercícios militares. Ele foi à cidade de Ussiriisk, que é sede do principal campo de treino, o Sergueiévski. Ele se reuniu com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o comandante do Estado-Maior, Valeri Guerassimov, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Nesta quarta (7), o líder russo participou do Fórum Econômico do Leste, em Vladivostok, que também é sede da Frota do Pacífico russa. Ainda segundo a Folha, Putin se encontra com o terceiro na hierarquia do Partido Comunista Chinês, Li Zhanshu.

Esta será a principal reunião presencial de Putin com uma autoridade chinesa desde que esteve em Pequim para a abertura das Olimpíadas de Inverno, antes da invasão russa à Ucrânia em 24 de fevereiro.

ENQUANTO ISSO, OS EUA....

Os Estados Unidos informaram nesta quarta-feira que testaram com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM), operação que havia sido anunciada com antecedência para evitar o agravamento das tensões com a Rússia em meio ao conflito na Ucrânia.

O Minuteman 3 desarmado foi lançado em 7 de setembro da Base da Força Espacial Vandenberg na Califórnia às 01h13 (05h13 de Brasília) e viajou cerca de 6.760 km sobre o oceano Pacífico antes de afundar no mar perto do atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall, anunciou a Força Aérea em um comunicado.

"Este lançamento de teste faz parte de atividades rotineiras e periódicas destinadas a demonstrar que a dissuasão nuclear dos Estados Unidos é segura, confiável e eficaz", disse o comunicado. "Este teste não é o resultado de eventos mundiais atuais."

Os Estados Unidos não costumam anunciar seus testes de mísseis ICBM com antecedência, mas o último teste do Minuteman 3, um míssil equipado com uma ogiva que em tempos de guerra pode carregar uma bomba nuclear, teve que ser adiado duas vezes por causa das tensões internacionais.

Originalmente agendado para março, foi adiado pela primeira vez por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, com Washington temendo que Moscou usasse esse teste para amplificar o conflito para outros países.

E foi adiado pela segunda vez no início de agosto após a visita da presidente da Câmara de Representantes americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, ilha reivindicada por Pequim.

O teste foi finalmente concluído com sucesso em 16 de agosto.

Foi uma coincidência que os dois testes tenham sido realizados tão próximos, disse o porta-voz do Pentágono, o general Pat Ryder, na terça-feira, durante uma coletiva de imprensa.

O Minuteman 3, em serviço há 50 anos, é atualmente o único ICBM terrestre no arsenal nuclear dos Estados Unidos.

Os mísseis estão alojados em silos em três bases militares: Wyoming, Dakota do Norte e Montana.

O arsenal dos Estados Unidos também inclui mísseis balísticos Trident lançados por submarinos e armas nucleares transportadas por aviões bombardeiros estratégicos.