Funeral de Elizabeth 2ª deve parar Londres, travar transportes e gerar filas quilométricas
LONDRES, INGLATERRA (FOLHAPRESS) - O caixão com o corpo da rainha Elizabeth 2ª chega a Londres nesta terça-feira (13), dando início a uma das maiores operações de segurança da história da capital inglesa. Milhões de pessoas são esperadas na cidade até o dia 19, quando, enfim, a soberana será enterrada no Castelo de Windsor.
A Polícia Metropolitana garantiu o que chama de um "plano muito bem ensaiado para a capital", cuja preparação começou a ser feita anos atrás. A previsão é ter cerca de 10 mil policiais nas ruas todos os dias, número parecido com o das Olimpíadas de 2012 -o evento anual com maior policiamento na capital é o Carnaval de Notting Hill, com 6.000 agentes por dia.
A transferência de policiais, inclusive, levou a Uefa a adiar o jogo Arsenal x PSV, pela Liga Europa nesta quinta (15), em Londres. Horas depois, a Premier League anunciou o adiamento de três jogos do próximo fim de semana, incluindo o clássico Chelsea x Liverpool.
Circular pela cidade hoje já é um desafio: estações de metrô estão mais do que cheias e há tantas pessoas no entorno do Palácio de Buckingham que chegar perto das grades da residência da realeza pode levar mais de três horas.
O Transport for London, órgão responsável pelo sistema municipal de transportes, aconselhou o público a planejar deslocamentos com antecedência e a evitar a estação de metrô mais próxima do palácio, avisando que haverá fechamento de ruas, redução no número de ônibus e de pontos de táxi. Estações de metrô e de trem também poderão fechar sem aviso prévio.
O Rail Delivery Group, das operadoras de trem, disse que o dia do funeral vai tornar praticamente impossível fazer o trajeto Londres-Windsor, que leva 50 minutos, devido ao número excessivo de passageiros. Quem quiser participar da despedida da rainha deve escolher um dos dois locais e chegar com horas de antecedência.
Passageiros dos principais aeroportos, como o de Heathrow, também devem ter dificuldades relacionadas ao esquema de segurança montado para a chegada dos chefes de Estado. Ainda não há lista oficial, mas Jair Bolsonaro (Brasil), Joe Biden (EUA) e Jacinda Ardern (Nova Zelândia) anunciaram presença; até o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, deve furar o exílio para ir ao funeral.
Um dos primeiros atos de Charles 3º como novo rei foi declarar o dia 19 feriado nacional. Escolas, lojas e empresas vão fechar, o que deve aliviar um pouco o trânsito. Além disso, a família real criou um livro de condolências virtual.
Mesmo assim, milhares de pessoas estão viajando para Londres, e hotéis tiveram aumento na demanda e no preço. Alguns, no centro, triplicaram o valor das diárias. Dormir por uma noite nos arredores do Palácio de Buckingham entre 19 e 20 de setembro não sai por menos de 400 libras (R$ 2.400).
Na quarta (14), o caixão com o corpo de Elizabeth 2ª será levado de carruagem pelas ruas de Londres, de Buckingham até Westminster. Até o dia 19, o público poderá visitar o Westminster Hall para se despedir da rainha; na segunda-feira, o funeral de Estado será na Abadia de Westminster, onde a rainha foi coroada em 1953, e o enterro ocorrerá no Castelo de Windsor.
Funerais de Estado são honrarias reservadas a reis, rainhas e figuras públicas de extrema importância. O último no Reino Unido foi o de Winston Churchill, em 1965. Ele é pago com dinheiro público. Os números referentes à cerimônia de Elizabeth ainda não foram divulgados, mas o funeral da rainha mãe, em 2002, teria custado mais de 5,5 milhões de libras (R$ 32,7 milhões, na cotação atual).
Centenas de milhares de pessoas são esperadas em Westminster --passar horas na fila será o preço mínimo a se pagar. Uma moradora de Londres de 56 anos já chegou ao local, com 48 horas de antecedência, para ser a primeira a ver o caixão. Ela disse à rede ITV que pediu que as filhas levem roupas e comida. Uma pequena amostra do que esperar nos próximos dias.