Furacões e tufões atingem países do Caribe e da Ásia e espalham danos estruturais
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A emergência climática voltou a fazer estragos nos últimos dias, com ao menos quatro países enfrentando consequências de furacões e tufões.
Em Porto Rico, território dos Estados Unidos no Caribe, o furacão Fiona deixou a maior parte da ilha sem energia no domingo (18), fechando estradas, causando inundações e deslizamentos de terra e o desabamento de uma ponte na cidade de Utuado, a cerca de 100 quilômetros da capital, San Juan.
O centro da tempestade atingiu a costa perto de Punta Tocon na tarde de domingo, com ventos de até 140 km/h. Para proteger a infraestrutura elétrica do país, a autoridade de energia local desligou o fornecimento, deixando mais de 3,3 milhões de porto-riquenhos sem luz.
A energia começou a ser restaurada em algumas áreas ainda na noite de domingo, mas a reconexão de toda a ilha deve levar dias, segundo as autoridades, que também relataram problemas no fornecimento de água; até esta segunda (19), apenas 30% da população da ilha tinha água corrente.
O alerta do Centro Nacional de Furacões dos EUA, divulgado nesta segunda (19), mantém a indicação de risco de "inundações catastróficas". Neste domingo, o presidente Joe Biden declarou emergência em Porto Rico, autorizando a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências a coordenar o socorro à ilha.
O alerta ainda indicava prováveis inundações em áreas urbanas da República Dominicana. O furacão Fiona atingiu a costa do país, na madrugada desta segunda, com ventos de 140 km/h. O fenômeno deve provocar até 381 milímetros de chuva, que deve se estender por todo o dia.
As autoridades dominicanas começaram a retirar moradores de áreas de risco ainda no domingo. Antes de atingir essas partes do Caribe, o Fiona já havia arrasado o departamento francês de Guadalupe, onde uma pessoa morreu.
No Japão, o tufão Nanmadol, uma das maiores tempestades a atingir o país em anos, matou pelo menos duas pessoas e levou fortes ventos e chuva recorde para o oeste da ilha nesta segunda. Um homem foi encontrado morto dentro de um carro, que ficou submerso; outro morreu em um deslizamento de terra. Pelo menos 115 pessoas ficaram feridas e uma segue desaparecida.
A fim de avaliar os danos do 14º tufão da temporada no Japão, o primeiro-ministro Fumio Kishida adiou sua partida a Nova York, onde participará da Assembleia-Geral da ONU. Ele deve voar para os EUA na manhã desta terça, caso as condições meteorológicas sejam favoráveis para o voo.
Um rio na província de Miyazaki, em Kyushu, transbordou, inundando campos e estradas. Trens de alta velocidade e regulares foram interrompidos na província, e cerca de 800 voos foram cancelados. Até a tarde desta segunda, cerca de 286 mil residências ainda estavam sem energia, segundo as autoridades japonesas.
A chuva deve continuar forte na região de Tokai, no centro do Japão, até a noite desta terça (20). Tempestades intermitentes também atingiram Tóquio, mas sem prejuízos para os serviços.
Partes da Ásia já tinham sofrido na semana passada com eventos extremos. Na China, vendavais e chuvas torrenciais atingiram Zhoushan, no leste do país, na quarta (14), durante a passagem do Muifa. A imprensa local classificou o tufão como o ciclone tropical mais forte a atingir o delta do rio Yangtze em uma década.
Os meteorologistas disseram que ele foi causado pelo clima excepcionalmente quente deste ano, reflexo direto das mudanças climáticas.
O Muifa chegou ao país como o segundo mais alto no sistema de classificação de ciclones tropicais da China, com a velocidade máxima do vento perto de seu centro atingindo 151 km/h.
Voos nos aeroportos de Zhoushan e Ningbo, na província costeira de Zhejiang, foram cancelados, e portos ficaram paralisados. Por precaução, Xangai limitou a velocidade dos trens acima do solo e fechou estações --além de locais onde são feitos testes para detecção da Covid-19.
Já na quinta (15) o Muifa foi rebaixado para "forte tempestade tropical" por meteorologistas chineses, mas o alerta para inundações havia sido mantido --desde então, porém, apesar de cancelamentos de voos em vários aeroportos e interrupção das atividades portuárias, houve poucos danos relatados.
Em 2021, um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço das Nações Unidas para questões do clima, contabilizou mais de 11 mil eventos, entre secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios de 1970 a 2019. Enquanto nos anos 1970 foram 711 desses fenômenos, na década de 2000 o número passou a 3.536 e, na seguinte, a 3.165 --aumento de cinco vezes.
No período, mais de 2 milhões de pessoas morreram e o prejuízo econômico ultrapassou os US$ 3,4 trilhões. Isso equivale a 115 mortes e prejuízo de US$ 200 milhões por dia durante os últimos 50 anos.
O continente asiático foi o mais afetado. Foram mais de 3.400 desastres ao longo das últimas cinco décadas, resultando em quase 1 milhão de mortes.