Fittipaldi e Matarazzo perdem eleição na Itália, e Brasil elege representante na Câmara
MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - A comunidade italiana no Brasil não terá representantes no Senado, em Roma, segundo resultados da eleição parlamentar. Com a apuração concluída na manhã desta segunda-feira (26), o mais votado foi o argentino Mario Alejandro Borghese, que já era deputado na atual legislatura.
Eleito pelo Movimento Associativo para Italianos no Exterior (Maie), ele recebeu 58.233 votos e vai ocupar a única vaga disponível para toda a América do Sul.
Nem o ex-ministro e ex-vereador Andrea Matarazzo nem o bicampeão de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, que concorreram ao Senado, foram eleitos.
No Brasil, a coligação de direita, assim como na Itália, terminou em primeiro, com 37%. Fittipaldi obteve 31.386 votos. Matarazzo, pela coligação do Partido Democrático, ficou com 27.202.
Já a disputa pelas duas vagas na Câmara, os ítalo-brasileiros conseguiram eleger Fabio Porta, da mesma chapa de Matarazzo, que obteve 22.436 votos. A outra cadeira também ficou com a Argentina, representada por Franco Tirelli, com 44.468 votos.
Na atual legislatura, a comunidade ítalo-brasileira foi representada por dois deputados e um senador.
O resultado pode ser explicado pela redução do número total de deputados e senadores, aprovada em referendo realizado em 2020. Após cortes de 345 cadeiras, serão 600 vagas na Câmara e 200 no Senado.
O Brasil, onde estão registrados 418 mil eleitores italianos, faz parte da seção da América do Sul, com outros 12 países. As vagas reservadas aos parlamentares eleitos na região caíram pela metade, de 6 para 3. Os eleitores desses países puderam escolher somente dois deputados e um senador.
Por ter o maior número de eleitores italianos na região, a Argentina, com 756 mil, reúne mais força para colocar representantes no Parlamento. Historicamente, o senador mais votado na seção sul-americana sempre foi ítalo-argentino.
Em geral, os eleitos no exterior atuam para representar o interesse da comunidade italiana em seus países e regiões, com as mesmas atribuições dos eleitos na Itália. São nomeados em comissões e podem apresentar projetos. O salário mensal na Câmara é cerca de EUR 16 mil (R$ 82 mil), considerando adicionais.
Matarazzo, 65, ex-embaixador na Itália, lançou-se na política do país depois de sair derrotado nos últimos pleitos no Brasil --ele deixou o PSDB em 2016 em meio às prévias paulistanas e migrou para o PSD, pelo qual não se elegeu vice-prefeito naquele ano nem prefeito em 2020.
No Parlamento, prometia fomentar laços econômicos entre os dois países e lutar pela criação de políticas públicas para facilitar a entrada de estudantes brasileiros nas universidades europeias. O empresário concorreu pelo Partido Socialista, aliado do Partido Democrático, principal sigla de centro-esquerda da Itália.
Já Fittipaldi, 76, filiou-se ao Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni. A sigla tem origem no pós-fascismo e uma plataforma anti-imigração. O ex-piloto disse, em entrevista à Veja, que, no Parlamento, tentaria "mudar a imagem de fascista que o [presidente Jair] Bolsonaro tem na Europa". Ele amealhou apoios do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de outros bolsonaristas, como o cantor Sérgio Reis e o sócio da RedeTV! Marcelo de Carvalho.
O ex-piloto está mergulhado em dívidas e responde a mais de cem processos judiciais abertos por credores, após uma série de empreendimentos fracassados. Reportagem do UOL mostrou que bancos tomaram dele uma fazenda, um apartamento de luxo, um galpão e uma casa; passaporte, troféus e carros históricos também teriam sido confiscados. Estima-se que sua dívida tenha chegado a R$ 50 milhões.