Biden e europeus correm para reconhecer vitória de Lula
WASHINGTON, EUA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos EUA, Joe Biden, parabenizou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela vitória nas eleições deste domingo (30), pondo fim a especulações sobre quando viria o reconhecimento da vitória por parte do governo americano.
Pouco mais de meia hora após o anúncio pelo Tribunal Superior Eleitoral, a Casa Branca enviou uma nota curta em que afirma que as eleições brasileiras foram justas --ao contrário de alegações feitas antes do pleito pelo atual presidente, Jair Bolsonaro.
"Envio meus parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva por sua eleição como o próximo presidente do Brasil após eleições livres, justas e críveis. Estou ansioso para trabalharmos juntos para continuar a cooperação entre nossos países nos próximos meses e anos", diz a nota enviada pelo presidente americano.
Até aqui, a Casa Branca não havia informado se reconheceria o vencedor das urnas automaticamente, como pediam parlamentares democratas, que temiam que uma demora em reconhecer a derrota de Bolsonaro pudesse abrir caminho para que o atual presidente contestasse o resultado das urnas. O pedido foi feito novamente em carta ao presidente na última sexta (28) por senadores e deputados de esquerda.
No mesmo dia, questionado, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, não respondeu se o governo faria um reconhecimento imediato, mas voltou a afirmar que confiava no processo eleitoral brasileiro.
Motiva o reconhecimento rápido por parte da Casa Branca um receio de tumulto no Brasil similar ao de 6 de janeiro de 2021 em Washington, quando uma multidão insuflada pelo ex-presidente Donald Trump invadiu a sede do Congresso para impedir a confirmação da vitória de Biden na eleição. A manifestação rápida serve para mostrar a Bolsonaro que não haveria apoio internacional em caso de contestação do resultado, como deixou clara a diplomacia americana em uma série de recados ao longo dos últimos meses, via embaixada no Brasil ou comentários da Casa Branca, que reforçavam a confiança no sistema eleitoral.
O reconhecimento imediato também contrasta com a demora de Bolsonaro em parabenizar Biden por sua eleição contra Donald Trump --de quem o brasileiro é próximo-- em 2020. Na ocasião, depois de levantar suspeitas sem provas de que a eleição americana teria sido fraudada, Bolsonaro só parabenizou Biden 38 dias depois da projeção de vitória do democrata, uma das últimas lideranças mundiais a fazê-lo, depois inclusive de aliados de Trump, como Binyamin Netanyahu e Boris Jonhson, e até do líder chinês, Xi Jinping.
A rapidez no reconhecimento da vitória de Lula também foi adotada por líderes europeus. Poucos minutos após a oficialização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente da Franca, Emmanuel Macron, parabenizou o petista e disse que juntos os dois unirão " forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países".
Sob Bolsonaro, Brasília se distanciou de Paris após um série de discussões entre os presidentes brasileiro e francês. Em uma das ocasiões, ainda em 2019, Bolsonaro ofendeu a mulher de Macron, Brigitte, e fez piadas com sua aparência. A relação enfraquecida entre os dois líderes se dá, principalmente, pelas pressões da França em torno das políticas ambientais do governo brasileiro.
O premiê e o presidente de Portugal, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente, também precisaram de apenas alguns minutos para parabenizar a vitória de Lula. Rebelo de Souza, aliás, entrou em conflito com Bolsonaro em julho, após o brasileiro desmarcar um almoço com o português. A justificativa estaria em um encontro de Rebelo de Souza com Lula dias antes.
Na mesma linha, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, publicou rapidamente em sua conta no Twitter que as eleições brasileiras foram "pacíficas e bem organizadas". " Estou ansioso para trabalhar juntos e promover as relações UE-Brasil com seu governo e com as novas autoridades do Congresso e do Estado", acrescentou.