Presidente da Argentina se encontra com Lula em São Paulo e fala em alegria
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, se encontrou na tarde desta segunda-feira (31) com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno neste domingo (30) e voltará à chefia de governo no Brasil em janeiro.
Foi a primeira reunião internacional do presidente eleito do Brasil. Fernández publicou em sua conta nas redes sociais um vídeo do momento em que os dois se encontram, em um hotel em São Paulo, e trocam um abraço.
"Todo meu amor, minha admiração e meu respeito, querido companheiros. Temos um futuro que nos abraça e nos convoca", escreveu. No vídeo é possível ouvi-lo dizendo: "Presidente, que alegria vê-lo!".
A viagem tem peso político relevante para um Fernández em crise e de certa forma marca uma tentativa de resgatar uma tradição diplomática entre os dois países --o líder recém-empossado de um usualmente visita, antes de qualquer outro mandatário, o do outro.
Depois de se eleger, porém, Bolsonaro optou por fazer sua primeira viagem internacional como presidente ao Chile, à época governado pelo direitista Sebastián Piñera.
As relações de Brasília e Buenos Aires não se encontram em seu melhor momento. O atual presidente brasileiro não compareceu à posse de Fernández em 2019 --padrão que se repetiria em outros resultados eleitorais favoráveis à esquerda na região-- e, na campanha, explorou a crise do país vizinho como uma forma de atacar Lula, dada a proximidade do petista com Fernández e sua vice, Cristina Kirchner.
Quando ainda era candidato, o presidente argentino visitou Lula na prisão, em Curitiba. Depois, manteve uma relação em muitas medidas apenas protocolar com Bolsonaro.
Fernández mencionou os vários curto-circuitos com o governo brasileiro sob a gestão do atual presidente em uma entrevista à Radio 10 nesta segunda. "Durante todos esses anos, fiquei quieto em relação às provocações que recebi do governo do Brasil, porque sei que a relação entre a Argentina e o Brasil deve ser indestrutível independente de quem governe", disse. "O vínculo com o Brasil será muito mais profundo, realista e sincero, e isso não é pouca coisa."
O líder do país vizinho sugeriu ainda que fosse construído um eixo entre Brasil, México e Argentina, as três maiores economias da região que passam a ser governadas pela esquerda com a chegada de Lula ao poder.
Para o governo Fernández, a volta de Lula ao poder tem o condão de ser providencial. Com baixa popularidade, de pouco mais de 20%, o presidente atravessa uma séria crise econômica, com desdobramentos políticos cada vez mais marcados.
A divisão interna da coalizão opõe os peronistas moderados vinculados ao presidente e os kirchneristas, mais à esquerda, ligados a Cristina Kirchner.
A pouco menos de um ano da eleição presidencial argentina, uma foto ao lado do presidente eleito do Brasil, ainda uma figura popular na América Latina, pode ter alto valor político.