Biden, Macron e Scholz telefonam a Lula para dar parabéns e elogiar instituições
WASHINGTON, EUA, MADRI, ESPANHA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou na tarde desta segunda-feira (31) para parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela vitória de domingo (30) na eleição presidencial brasileira.
Segundo comunicado divulgado pela Casa Branca, Biden "elogiou a força das instituições democráticas brasileiras após eleições livres, justas e confiáveis."
"Os dois líderes discutiram o forte relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil e se comprometeram a continuar trabalhando como parceiros para enfrentar desafios comuns, incluindo o combate às mudanças climáticas, a segurança alimentar, a promoção da inclusão e da democracia e gestão da imigração regional", disse a Presidência americana, em nota.
Biden foi um dos primeiros líderes a parabenizarem Lula após a confirmação da vitória pelo Tribunal Superior Eleitoral, na noite de domingo. A Casa Branca disparou comunicado à imprensa às 20h33, pouco mais de meia hora após a confirmação oficial. Quando Biden foi eleito presidente dos EUA, em 2020, Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado nesta eleição, demorou 38 dias para parabenizar o americano.
Apoiador de primeira hora do ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro ecoou alegações de fraude na eleição americana e foi o último líder do G20 a reconhecer a vitória do democrata. Biden e Bolsonaro nunca se falaram por telefone e só se reuniram uma vez ao longo de quase dois anos.
A avaliação em Washington é a de que um reconhecimento rápido por parte da Casa Branca da vitória de Lula deixa claro que Bolsonaro não terá apoio internacional caso conteste o resultado das urnas. A capital americana vive ainda hoje sob o trauma do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão insuflada pelo ex-presidente Donald Trump invadiu a sede do Congresso para impedir a confirmação da vitória de Biden na eleição.
Lula e Biden se conhecem pessoalmente e foram contemporâneos no fim do segundo governo do brasileiro ?o atual presidente dos Estados Unidos foi vice de Barack Obama entre 2009 a 2017.
Além de Biden, Lula falou com outros líderes estrangeiros nesta segunda. Fizeram telefonemas os europeus Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Pedro Sánchez.
O presidente francês divulgou parte da conversa em um vídeo no Twitter. "Posso dizer que eu estava aguardando com ansiedade pra que pudéssemos relançar uma parceria estratégica à altura da nossa história e dos desafios pela frente", disse ele a Lula.
Pela manhã, o presidente eleito conversou ainda com os portugueses António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente primeiro-ministro e presidente, além do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do líder cubano, Miguel Díaz-Canel.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Lula ainda deverá falar com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, nesta segunda e que há pedidos para que ele retorne telefonemas da Noruega e de outros países.
A equipe de Lula afirmou ao longo dos últimos dias que o presidente eleito planeja um giro internacional antes da posse ?assim como fez da primeira vez que foi eleito, em 2002. No domingo, o próprio presidente afirmou que estuda colocar os Estados Unidos na rota. "Antes da posse eu também quero fazer viagens para países da América do Sul para restabelecer uma aliança e para os Estados Unidos, por mais divergências que tenhamos precisamos nos aproximar dos Estados Unidos, visitar a China, a União Europeia", disse.
A ressalva em relação a divergências com os Estados Unidos dá pistas de como deve ser a relação entre os países no próximo governo. Há alívio entre setores do Partido Democrata com a saída de Bolsonaro e a expectativa é de aumento de parcerias sobretudo na área climática ?o enviado especial para o clima de Biden, John Kerry, parabenizou Lula nesta segunda?, mas o petista não tem a mesma afinidade em relação aos EUA que Bolsonaro. O novo presidente também não deve se alinhar a Washington na condenação automática da Rússia na Guerra da Ucrânia ou na guerra comercial com a China, maior parceira comercial do Brasil.