Após vídeo, Rússia acusa Ucrânia de matar ao menos 10 soldados já rendidos
SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Vídeos que circulam na imprensa russa desde a última semana apontam o que podem ser crimes de guerra cometidos pelos soldados ucranianos contra pelo menos 10 homens rendidos do exército da Rússia.
As imagens, que são da cidade de Makiivka, localizada na região de Luhansk, também foram verificadas por jornais ocidentais como o The New York Times e a BBC.
As suspeitas partem de dois vídeos filmados em uma casa: no primeiro, um soldado ucraniano filma russos saindo da residência, se rendendo e deitando com a cabeça voltada ao chão. Em ucraniano, um dos soldados questiona se ainda há mais alguém dentro da casa. Um homem surge disparando contra o ucraniano, e o vídeo é interrompido.
No mesmo local, imagens de drone capturaram os soldados russos já mortos na mesma posição em que eles ficaram rendidos, com sangue na região da cabeça. Por isso, fica a sugestão de que houve uma execução ou um movimento de conflito entre os dois lados após as cenas mostradas no primeiro vídeo.
O Kremlin reagiu à divulgação dos vídeos e acusou a Ucrânia de ter cometido crimes de guerra ao matarem soldados já rendidos. Hoje, o porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que cobrará a punição dos responsáveis junto às autoridades internacionais.
"A Rússia fará todo o possível no âmbito dos mecanismos internacionais a fim de chamar a atenção para este crime e chamar à ordem e à lei aqueles que possam estar envolvidos nele. E, é claro, a própria Rússia procurará por aqueles que cometeram este crime. Eles devem ser encontrados e punidos", disse Peskov.
O Ministério da Defesa da Rússia abriu um procedimento criminal para apurar as circunstâncias dos supostos crimes.
Em um relatório divulgado na última semana, um grupo de trabalho da ONU (Organização das Nações Unidas) enviado para cobrir a guerra identificou sinais de crimes de guerra cometidos por ambos os lados do conflito.
Torturas no momento da captura e no curso da prisão, com a aplicação de choques, espancamentos e pressão psicológica, foram narrados pela maioria dos 159 prisioneiros detidos pela Rússia e pelos 175 sob custódia dos ucranianos. A Ucrânia permitiu que a equipe da ONU falasse com os prisioneiros; os russos, não -os ucranianos entrevistados foram aqueles que já haviam sido libertos após acordo entre os países.
Ao longo da guerra, a Rússia também já foi acusada outras vezes de ter cometido crimes de guerra, incluindo ataques direcionados contra áreas civis na Ucrânia -o que o Kremlin nega. Entre as denúncias, está o cemitério clandestino de Bucha, com diversas valas comuns encontradas após a retirada das tropas russas da região.