Xi volta a defender solução política para Guerra da Ucrânia em reunião com líder europeu
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - No contexto das tensões entre o Ocidente e a China, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reuniu-se por três horas na manhã desta quinta-feira (1º) com o líder chinês, Xi Jinping, em Pequim.
O belga representou uma tentativa de ser mais conciliador que os americanos em relação ao chineses, numa semana em que lideranças europeias afirmaram não querer "ter que escolher" entre os dois lados -governos do continente têm criticado tanto a pressão econômica dos EUA quanto a política da China.
Antes da visita de Michel, a segunda realizada em um mês por um líder europeu depois de três anos sem encontros cara a cara com o dirigente chinês, Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha, aterrissou em Pequim no mês passado em busca de estreitar laços comerciais entre os países.
No encontro com Xi, Michel debateu uma série de assuntos: crise energética, direitos humanos, minorias, Taiwan, política econômica, mudança climática, Covid e Guerra da Ucrânia, pauta em que ele disse ter pedido ao dirigente chinês que "use sua influência sobre a Rússia para respeitar a carta da ONU".
"Hoje transmiti mensagens importantes sobre questões geopolíticas, econômicas e globais. Precisamos garantir que os canais de comunicação permaneçam abertos e sejam usados de maneira eficaz", afirmou o presidente do Conselho Europeu em nota oficial divulgada pelo órgão depois do encontro.
O Ministério das Relações Exteriores chinês foi na mesma toada, defendendo um "relacionamento mutuamente benéfico", já que, "quanto mais instável se torna a situação internacional e quanto mais desafios o mundo enfrenta, maior é a importância global que as relações China-UE assumem".
Segundo a estatal chinesa CCTV, Xi disse a Michel que "resolver a crise ucraniana por meios políticos é do melhor interesse da Europa e do interesse comum de todos os países da Eurásia". "Nas condições atuais, devemos evitar a escalada e a expansão da crise e trabalhar pela paz." Apesar disso, e de já ter feito declarações semelhantes no passado, ele outra vez não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia.
O europeu levantou a delicada questão das minorias. "Discutimos longamente, por exemplo, a situação em Xinjiang. Não se trata de interferir nos assuntos internos. Trata-se de defender os princípios acordados pela ONU há décadas, e isso também se aplica a Hong Kong. É essencial que continuemos conversando."
Em Xinjiang, província no extremo oeste da China, há acusações de que a minoria muçulmana uigur está sendo submetida a detenções sumárias e à assimilação forçada do modo de vida chinês para erradicar sua cultura tradicional. A China rejeita as denúncias, dizendo realizar uma campanha para eliminar o terrorismo, além de promover habilitação a profissionais qualificados para o mercado da região.
Em relação aos recentes protestos enfrentados pelo governo chinês, devido à política de tolerância zero com a Covid, Michel lembrou que o direito de reunião pacífica "é um direito fundamental consagrado tanto na Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto nas constituições nacionais".