George Santos pode ser expulso se violou lei de campanha, diz líder de comitê na Câmara
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado republicano e presidente do Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados dos EUA, James Comer, disse neste domingo (15) que George Santos perderá sua vaga no Congresso se for descoberto que ele violou as leis de financiamento de campanha. O órgão o qual o parlamentar preside é responsável por investigar assuntos da administração pública e, por isso, é um dos principais comitês da Casa.
"Ele é um cara mau", disse Comer em referência a Santos em um programa da CNN americana. "Não cabe a mim ou a qualquer outro membro do Congresso determinar se ele pode ser expulso por mentir. Agora, se ele quebrou as leis de financiamento de campanha, será removido do Congresso", acrescentou.
Nas últimas semanas, foram reveladas várias inconsistências na trajetória de Santos, de mentiras sobre seu currículo e declarações financeiras incompletas ou inexatas a afirmações falsas sobre a sua religião --ele, católico, afirmou ser judeu e descendente de sobreviventes do Holocausto. O deputado é filho de brasileiros, e a série de acusações sobre ele inclui até mesmo um estelionato em Niterói, onde teria furtado cheques para fazer compras.
A suposta violação de leis de financiamento de campanha, por sua vez, passa pela descoberta de que a campanha de Santos teria sido financiada por um fundo misterioso. Além disso, no último dia 9 um órgão de fiscalização ligado ao governo americano protocolou uma ação com acusações envolvendo as contas de campanha do republicano. O órgão aponta que Santos teria ocultado doadores e usado parte do dinheiro arrecadado para pagar o aluguel de sua residência.
A declaração de Comer neste domingo reforça a guinada contrária a Santos dentro de seu próprio partido. Na quinta (10), membros do Partido Republicano pediram nesta ele renuncie à vaga na Câmara. A ação foi comandada por filiados da legenda pelo condado de Nassau, em Long Island, subúrbio de Nova York que inclui o distrito pelo qual o político foi eleito.
À frente do grupo que pediu a saída de Santos, Joseph G. Cairo Jr. disse que o político perdeu a confiança dos republicanos de seu distrito e que a campanha inteira foi baseada em mentiras. "Ele envergonhou a Câmara, e não o consideramos um de nós", disse ele antes de exigir a renúncia imediata do congressista.
O recém-eleito presidente da Câmara, Kevin McCarthy, seguiu a mesma linha e disse na quarta que não permitirá que Santos participe de algum comitê importante na Casa. Ele vinha evitando se pronunciar sobre a controvérsia --mesmo depois de veículos da imprensa americana reportarem que um dos integrantes da campanha de Santos fez de conta que trabalhava com McCarthy para angariar fundos junto a doadores.
Apesar da fritura, Santos já disse várias vezes que não vai renunciar. Na quinta (12), ele afirmou que desocuparia sua cadeira na área da cidade de Nova York apenas se perdesse a próxima eleição. Ele, aliás, foi eleito no ano passado com cerca de 52% dos votos, contra 45% do democrata Robert Zimmerman. Sua vitória fez com que os republicanos abocanhassem uma área da cidade tradicionalmente democrata.
Segundo a legislação federal e de Nova York, se Santos renunciasse, seu distrito teria o direito de convocar um novo pleito. O assento do deputado permaneceria vazio por um período de aproximadamente três meses, tempo necessário para a realização das eleições extraordinárias.
No sábado (14), o jornal The Wall Street Journal publicou uma reportagem que diz que Santos teria convencido pelo menos uma pessoa a fazer um investimento de seis dígitos em uma empresa com sede na Flórida que a Comissão de Valores Mobiliários americana considerou ser um esquema de pirâmide financeira.
Santos, que vem enfrentando pressão de republicanos e democratas para renunciar ao Congresso, teria sido contratado em 2020 para angariar fundos para a empresa Harbour City Capital. Segundo informantes e documentos a que o jornal teve acesso, ele teria conseguido pelo menos uma soma significativa de um investidor rico.
Contudo, quando o investimento não trouxe o retorno prometido, Santos teria tentado tranquilizar o investidor dizendo que havia levantado pessoalmente quase US$ 100 milhões e investido o dinheiro de sua própria família na empresa.