Justiça da Itália absolve Berlusconi por compra de testemunhas no caso 'bunga-bunga'

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi, 86, foi absolvido nesta quarta-feira (15) da acusação de suborno de testemunhas para que mentissem sobre o suposto envolvimento do populista em um escândalo de prostituição de menores nas controversas festas que ficaram conhecidas como "bunga-bunga".

Berlusconi foi acusado de subornar 24 pessoas, a maioria mulheres, para que fossem feitos falsos testemunhos em um julgamento de 2015. À época, o ex-premiê foi absolvido, por falta de provas, da acusação de ter feito sexo com uma menor de idade em uma das festas.

Depois da absolvição, promotores disseram ter encontrado indícios de que o Berlusconi fez pagamentos às testemunhas e pediram que ele fosse condenado a seis anos de prisão --o ex-premiê nega o crime e diz ser vítima de perseguição política, mas já admitiu ter dado dinheiro a participantes das festas.

Segundo a defesa do ex-premiê, o dinheiro era uma indenização pelos danos à reputação das pessoas envolvidas no caso, e o político estava sendo processado por sua "generosidade".

Nesta quarta, o juiz responsável apontou erros na forma como os promotores conduziram o caso e decidiu absolver o premiê. "Finalmente absolvido após mais de 11 anos de sofrimentos, calúnias e danos políticos incalculáveis", escreveu Berlusconi nas redes sociais.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também comemorou a decisão. Em outubro passado, ela foi nomeada ao cargo após compor uma coalização de ultradireita que inclui o Força, Itália, a legenda de Berlusconi. "Trata-se de uma excelente notícia, que põe fim a um longo processo judicial que teve repercussões na vida política italiana", disse.

O caso veio à tona em fevereiro de 2011, quando a marroquina Karima El Mahoroug, conhecida como Ruby "Rouba Corações", revelou detalhes das festas "bunga-bunga". Os eventos reuniam prostitutas e diversos políticos e empresários para orgias na mansão do ex-premiê em Arcore, perto de Milão.

O escândalo aumentou a pressão judicial sobre Berlusconi e foi apontado como um dos fatores que o levou a renunciar ao cargo de premiê, em novembro de 2011.

O caso foi dividido em três cidades: Siena, Roma e Milão, onde moravam as testemunhas acusadas de terem recebido subrono. Berlusconi já havia sido absolvido pelos tribunais de Siena e Roma. Os promotores estão apelando das decisões.

Em 2022, o ex-premiê foi eleito para o Senado da Itália. A eleição marcou seu retorno ao cenário político, após a sua expulsão do Senado em 2013 devido a uma condenação por fraude fiscal.

Sua agenda é considerada distante do movimento feminista e, durante a campanha, viu um movimento do tipo "Ela, não" surgir entre celebridades italianas. Um de seus slogans é "Deus, pátria e família".

Berlusconi acumula uma série de problemas de saúde, além dos escândalos e condenações criminais. A despeito da longa e controversa ficha, o bilionário usa seu capital político acumulado ao longo de décadas para se apresentar como um grande negociador dentro de sua coalizão.

Recentemente, ele provocou polêmica ao criticar o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e defender o homólogo russo, Vladimir Putin, o que irritou aliados no governo.