Chefe do Pentágono vai ao Iraque antes de 20º aniversário de invasão do país pelos EUA

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, desembarcou nesta terça-feira (7) no Iraque para um visita surpresa às vésperas do 20º aniversário da invasão americana ao país. O chefe do Pentágono foi também o último general do Exército dos EUA no território ?dando à visita, que tinha como objetivo reforçar o apoio americano a Bagdá, certo simbolismo.

Apoiada por uma coalizão internacional, a invasão de março de 2003 era justificada por suspeitas de que o regime de Saddam Hussein, então líder do país, possuía armas de destruição em massa. O ditador foi destituído, mas os equipamentos nunca foram encontrados.

A ofensiva marcou um dos momentos mais violentos da história da nação do Oriente Médio. Entre 185 mil e 208 mil civis iraquianos morreram segundo os cálculos do Projeto Custos da Guerra, do Instituto Watson para os Estudos Internacionais da Universidade de Brown.

Analistas afirmam ainda que a instabilidade gerada pela ocupação e pela posterior retirada do Exército americano em 2011 deu margem ao crescimento da organização extremista Estado Islâmico (EI) ?a tal ponto que Washington voltou a enviar tropas a Bagdá em 2014.

Austin é a mais alta autoridade do governo Joe Biden a visitar o país. Após se reunir com o seu primeiro-ministro, Mohammed al-Sudani, ele reiterou o desejo dos EUA de ampliar e fortalecer a parceria com o Iraque, acrescentando que suas forças de segurança estão dispostas a seguir no local caso este seja o desejo do governo.

Embora os EUA tenham encerrado formalmente sua missão na nação no fim de 2021, eles mantiveram 2.500 de seus soldados no território, além de outros 900 na Síria. O objetivo é aconselhar e auxiliar tropas locais no combate ao EI, que conquistou áreas de ambos os países em 2014 ?embora o grupo não tenha a mesma força de antes, células militantes sobreviveram em partes do norte do Iraque e do nordeste da Síria.

Para analistas, a viagem também serviu para os EUA demonstrarem seu apoio à tentativa do governo iraquiano de lutar contra a influência do Irã no país. Milícias financiadas pelo regime do aiatolá Ali Khamenei tem atacado o Exército dos EUA e a embaixada que eles mantêm em Bagdá com mísseis nos últimos anos. Falando à Reuters em condição de anonimidade, um membro da Secretaria de Defesa afirmou acreditar que o Iraque evita se tornar um palco de conflitos entre Washington e Teerã caso eles um dia cheguem às vias de fato.

Bagdá recebeu várias delegações diplomáticas nas últimas semanas, de nações como Arábia Saudita, Irã e Rússia. António Guterres, secretário-geral da ONU, foi outro que esteve na capital na primeira semana de março.

Além de Sudani, Austin também se encontrou com Nechirvan Barzani, o presidente da região autônoma do Curdistão, no norte do Iraque. O encontro se dá em meio a uma disputa interna acerca da divisão de lucros oriundos da exploração do petróleo entre as administrações nacional e curda.