Itamaraty anuncia alta representante para temas de gênero na diplomacia
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Itamaraty anunciou na tarde desta quarta (8), Dia Internacional da Mulher, a indicação de uma alta representante para temas de gênero na diplomacia brasileira. A escolhida foi Vanessa Dolce de Faria, hoje cônsul-geral adjunta do Brasil em Barcelona.
Faria publicou artigos sobre a participação da mulher na política externa e ingressou no Instituto Rio Branco, local de formação de diplomatas, em 1999. No Itamaraty, trabalhou com temas como a África lusófona, foi assessora especial da Presidência e serviu nas embaixadas em Assunção e Buenos Aires.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores diz que a medida reafirma a prioridade da pasta, hoje chefiada pelo chanceler Mauro Vieira, com a promoção da igualdade de gênero em suas fileiras.
Como alta representante para o tema, Faria deve participar de reuniões internacionais sobre assuntos ligados a gênero e atuar em articulação com outros ministérios para avançar na igualdade.
Desde que a nova gestão assumiu a pasta no governo Lula 3, mulheres diplomatas ampliaram a pressão por maior igualdade de gênero. Ainda em janeiro, por exemplo, foi fundada a a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, liderada por Irene Vida Gala.
O grupo espera que até metade deste ano o chanceler Mauro Vieira organize uma portaria que possibilite aumentar o número de mulheres em cargos de liderança. Hoje, 23% dos diplomatas são mulheres, mas elas ocupam apenas 12,2% dos postos de chefia no exterior -muitos dos quais em consulados. Vagas estratégicas nas embaixadas e em secretarias importantes da pasta continuam redutos masculinos.
Sinalização importante foi dada pelo ministério ao nomear para a embaixada de Washington, uma das mais importantes, a diplomata Maria Luiza Ribeiro Viotti, primeira mulher a ocupar esse posto.
Por outro lado, houve frustração na ala feminina da pasta quando o embaixador Julio Bitelli foi escolhido para chefiar a embaixada em Buenos Aires, outra de importância estratégica para as relações exteriores. Esperava-se que o Itamaraty também nomeasse uma mulher.