Caça russo derruba drone americano no mar Negro
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No mais grave incidente entre aeronaves da Rússia e do Ocidente desde o começo da Guerra da Ucrânia, um caça de Moscou colidiu com um drone americano sobre o mar Negro, não muito distante do teatro do conflito.
O drone teve de ser jogado ao mar, segundo a Força Aérea dos EUA, que acusou a Rússia de conduta antiprofissional e tentativa de interferir com a operação do modelo de vigilância que operava na área.
A Rússia ainda não comentou o episódio. Segundo o relato americano, dois caças Sukhoi Su-27 interceptaram um drone MQ-9 Reaper sobre águas internacionais do mar Negro, onde ficam as costas sul da Rússia e da Ucrânia --e a disputada península da Crimeia, anexada em 2014 por Vladimir Putin.
Segundo nota do general James Hecker, comandante da Força Aérea americana na região, um dos caças voou na frente do drone e despejou combustível em seu caminho. Ao fazer manobras perigosas, diz o militar, atingiu a hélice do Reaper, que fica na parte anterior da aeronave não tripulada.
O dano levou o drone a fazer um pouso na água, mas não foi informado se alguma tentativa de resgate ocorreu. O Reaper é um dos principais drones americanos, com 20 metros de envergadura e 11 de comprimento, sendo capaz de missões de vigilância e ataque a solo. É capaz de ficar 14 horas.
A Força Aérea disse que o modelo derrubado não estava armado. O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jack Kirby, tentou reduzir a tensão acerca da intencionalidade dos russos, mas manteve a crítica feita pelo general Hecker.
"Mesmo nas últimas semanas houve outras interceptações, mas esta é notável por ter sido tão insegura e não profissional", afirmou.
O mar Negro é um dos pontos de maior atrito entre Forças Aéreas do mundo, ao lado do Báltico, do estreito de Taiwan, do mar do Sul da China e das águas do Pacífico Ocidental. Em todas elas, russos e chineses se opõem a americanos e seus aliados.
Interceptações são semanais, quando não diárias, e sempre há o risco de uma colisão acidental ser lida como um ato de agressão. Recentemente, os EUA acusaram a China de quase provocar a queda de um avião-espião em uma ação dessas --em 2001, um choque derrubou um caça de Pequim e avariou um aparelho de espionagem americano, que teve de pousar em solo rival.
Com o contexto da Guerra da Ucrânia, as interceptações ficaram ainda mais perigosas. As incursões não visam apenas testar a rapidez da reação dos rivais, como é usual, mas o espaço aéreo em locais como o mar Negro de fato está congestionado de aparelhos de reconhecimento e vigilância.
A Rússia considera as águas e o espaço aéreo em torno da Crimeia suas, o que o Ocidente rejeita. Um caça russo inclusive disparou um míssil perto de um avião-espião britânico em janeiro, em um incidente que Moscou qualificou de acidente.