Buenos Aires vive onda de calor histórica e vê invasão de pequenos insetos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A onda de calor histórica que vive a região de Buenos Aires, na Argentina, fez com que os moradores se deparassem com um desafio inusitado até estão restrito aos produtores agrícolas: a presença disseminada de tripes, pequenos insetos parecidos com piolhos.
Portenhos relataram nas redes sociais a presença dos bichos. Segundo o Sistema Meteorológico Nacional argentino, no último dia 11 Buenos Aires registrou mais de 32°C por 12 dias consecutivos --superando o recorde da onda de calor de 2017, que durou 11 dias.
Especialistas ouvidos pelo jornal La Nación apontaram que a presença dos tripes pode estar associada à combinação de seca e calor extremo. Com esse cenário, cultivos agrícolas, que costumam atrair os insetos, não se desenvolveram, o que obrigou os tripes a migrar para outras regiões urbanizadas.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) descreve os tripes como insetos pequenos, de corpo estreito e asas franjadas. Eles atacam grande variedade de plantas, principalmente as cultivadas. Geralmente vivem em folhas, brotos, flores e sob a casca de árvores.
O contato com os insetos pode gerar uma irritação na pele, similar à do contato com pulgas, mas em menor intensidade. Para se proteger, apontam especialistas, a melhor maneira é aplicar repelente.
A combinação de seca e calor extremo que vivem partes da Argentina estaria diretamente relacionada à emergência climática, segundo o grupo de pesquisas World Weather Attribution.
Em um recente relatório, eles apontam que as altas temperaturas registradas nos meses finais de 2022 --fruto direto da crise do clima-- impactam a quantidade de água disponível na superfície terrestre, reduzindo as reservas e, assim, agravando a situação de seca.
Desde 2019, o país e outros vizinhos da América do Sul estão experimentando a seca. Nos últimos quatro meses do ano passado, houve apenas 44% da precipitação média do período na região, o que corresponde ao valor mais baixo em pelo menos 35 anos, diz o Serviço Meteorológico argentino.