Frota do Pacífico da Rússia é colocada em alerta máximo para exercícios militares
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em uma demonstração de força contra o Ocidente, toda a frota russa do Pacífico foi colocada em alerta máximo nesta sexta-feira (14) para exercícios militares que terão lançamentos de mísseis, bombardeios e testes de torpedos, afirmou o general Valeri Gerasimov, chefe do Estado-Maior da Rússia.
"O principal objetivo desta inspeção é aumentar a capacidade das Forças Armadas de repelir a agressão de um provável inimigo na direção do oceano e do mar", disse o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, ao comentar os exercícios à televisão estatal nesta sexta-feira (14).
Os testes também simularão um desembarque inimigo na ilha russa de Sacalina e nas ilhas Curilas ao sul --as últimas são reivindicadas pelo Japão em uma disputa territorial que remonta aos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. Segundo a agência de notícias Associated Press, a Rússia aumentou nos últimos anos a presença militar nas ilhas, chamada pelos japoneses de Territórios do Norte.
Em um vídeo divulgado nesta sexta, o Ministério da Defesa russo mostrou submarinos e navios de guerra que participarão da manobra.
Questionado sobre os exercícios, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, minimizou qualquer conexão com as tensões na região. "Esta é uma prática comum, tem sido realizada constantemente nos últimos anos e continua sendo. Trata-se de manter o nível necessário de prontidão de combate das nossas forças armadas", disse Peskov em uma entrevista coletiva.
Em atividade militar recente, a marinha da Rússia disparou mísseis supersônicos contra um alvo simulado no Mar do Japão. O país também fez dois bombardeiros estratégicos na região no início de março, no momento em que o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida visitava a Ucrânia para mostrar solidariedade a Kiev.
A movimentação acontece dias antes de uma visita do ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, a Moscou. Os países são importantes aliados no xadrez geopolítico que se formou após a invasão russa à Ucrânia. No final de março, o líder da China, Xi Jinping, foi a Moscou para reafirmar sua aliança com Vladimir Putin, após o presidente ser indiciado por crime de guerra na Ucrânia pelo TPI (Tribunal Penal Internacional).
Em setembro do ano passado, eles já haviam se encontrado em uma cúpula de países centro-asiáticos, quando anunciaram um incremento ainda maior na cooperação militar entre os países, que fazem regularmente patrulhas conjuntas no Pacífico.
O Mar do Japão costuma ser alvo ainda da Coreia do Norte. Nesta quinta-feira (13), o país testou um modelo de míssil de longo alcance que, segundo analistas militares, pode representar um avanço militar do regime. O disparo causou pânico entre moradores da ilha de Hokkaido, no norte do Japão, onde as autoridades chegaram a ordenar que habitantes se protegessem até se certificarem que o míssil tinha atingido o oceano.
Washington condenou o episódio, realizando exercícios militares conjuntos com Tóquio sobre o mar do Japão logo após o teste, em uma demonstração de força.
No começo de março, Pyongyang fez 30 disparos de artilharia contra regiões que fazem fronteira com a Coreia do Sul, enquanto a irmã do ditador Kim Jong-un, Kim Yo-jong, dizia que qualquer tentativa americana ou sul-coreana de interceptar mísseis balísticos do Norte seria entendida como uma "declaração de guerra".