Confronto entre gangues deixa pelo menos 12 mortos em prisão no Equador
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pelo menos 12 pessoas morreram por causa de um confronto entre gangues rivais em um presídio no Equador, informou a Promotoria local neste sábado (15).
O conflito ocorreu na sexta-feira (14), no presídio conhecido como La Penitenciaría, na cidade de Guayaquil, uma das mais perigosas do país.
O Equador tem sido atormentado por motins nas prisões desde 2021, resultando na morte de centenas de detentos, o que o governo atribui a confrontos entre gangues de drogas que lutam por território e controle.
A entidade governamental responsável pelas penitenciárias do país informou que agentes da polícia estão na prisão em Guayaquil para a identificação dos corpos.
No ano passado, uma delegação das Nações Unidas afirmou que a violência nas prisões do Equador foi causada por anos de negligência do Estado com o sistema penitenciário.
O presidente Guillermo Lasso, um ex-banqueiro conservador que enfrenta audiências de impeachment por acusações de corrupção --as quais ele nega--, tem se esforçado para lidar com a crescente violência no Equador, um país usado como ponto de trânsito para a cocaína que se desloca para a Europa e os Estados Unidos.
No início deste mês, o governo do Equador alterou um decreto para permitir o uso civil de armas de fogo e spray de pimenta, citando a crescente insegurança nas ruas das cidades.
O confronto desta sexta-feira ocorreu após o assassinato de três agentes penitenciárias do lado de fora da prisão em Guayaquil. Esta semana, a agência das prisões informou que outras seis presos foram encontradas enforcados em uma das enfermarias de La Penitenciaría.
Lasso prometeu reduzir a violência nas prisões por meio de um processo de pacificação de gangues, libertação antecipada de prisioneiros e reformas políticas e sociais.
A guerra entre as gangues do narcotráfico já soma mais de 400 presos mortos neste complexo penitenciário desde 2021. A violência também vem crescendo nas ruas do país andino. O índice de assassinatos quase dobrou entre 2021 e 2022, passando de 14 para 25 para cada 100 mil habitantes, segundo as autoridades.
Vizinho do maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, o Equador se tornou um porto estratégico para escoamento da droga, o que atrai organizações criminosas internacionais, sobretudo colombianas e mexicanas, que se associam a grupos locais em busca de rotas privilegiadas de exportação de drogas para outros países.
Em só um motim em outubro de 2021, em Guayaquil, 118 presos foram mortos, parte deles decapitados, em execuções cujas imagens se espalharam pelas redes sociais. Não foi só a rebelião mais violenta do Equador, como também uma das mais cruéis do continente, superando até o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados em São Paulo.