Cristina Kirchner volta a atacar Judiciário e se diz vítima de conspiração na Argentina
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A três meses das eleições primárias na Argentina, a vice-presidente Cristina Kirchner subiu num palco majestoso montado na Praça de Maio, principal cenário de atos políticos de Buenos Aires, para demonstrar força mesmo após ter confirmado que não concorrerá à Presidência.
Em um discurso de aproximadamente uma hora, ela voltou a atacar o Judiciário e a dizer que é vítima de uma conspiração. "Eles me odeiam, me perseguem, me proscrevem e querem me matar porque nunca serei um deles, sou do povo", declarou ao microfone nesta quinta-feira (25), feriado em que o país comemora o Dia da Pátria.
O principal argumento de Cristina para não se candidatar novamente é que a Suprema Corte supostamente a persegue e quer torná-la inelegível, após ela ter sido condenada por corrupção em primeira instância em dezembro. As esferas superiores, porém, só devem julgar o caso depois das eleições --portanto isso não a impediria.
A ex-presidente foi a única que discursou no ato marcado para comemorar 20 anos da posse de seu marido, Néstor Kirchner, que sofreu um infarto três anos após deixar o poder, em 2010. Milhares de apoiadores a ouviam sob chuva, gritando "Cristina presidente" na praça lotada.
No palco, ela estava rodeada por cerca de 300 líderes políticos, incluindo os ministros Sergio Massa (Economia) e Eduardo "Wado" De Pedro (Interior), dois dos principais presidenciáveis pelo lado peronista, além de seu filho Máximo Kirchner, deputado federal.
A vice, porém, não deixou nenhum recado sobre quem apoiará na corrida eleitoral, ainda sob forte indefinição a apenas cinco meses do primeiro turno. A ausência mais notada foi a do próprio presidente Alberto Fernández, o que deixou ainda mais evidente o racha entre ambos dentro do governo.
A política também subiu o tom contra o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ela costuma culpar a entidade financeira pela crise econômica que o país vive, pela alta dívida contraída em 2018 pelo ex-presidente Mauricio Macri, de direita.
"Se não conseguirmos fazer com que o programa que o FMI nos impõe seja deixado de lado, será impossível pagar. Aquele foi um empréstimo político, e a política também tem que ser a solução", afirmou. Enquanto isso, Massa, seu aliado, tenta negociar os prazos de pagamento e apressar os desembolsos do fundo, buscando apoio do Brasil e dos Estados Unidos.