Partido de primeiro-ministro da Espanha sai na frente nas eleições

Por IVAN FINOTTI

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Os resultados iniciais das eleições gerais da Espanha deste domingo (23) indicam pode ser que não seja tão fácil para a direita tomar o poder como se esperava.

Com 47% das urnas apuradas, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), sigla do atual premiê Pedro Sánchez, tem a liderança, com 33%. Já o opositor PP (Partido Popular) aparece em segundo, com 31%. O ultradireitista Vox e o esquerdista Sumar aparecem com cerca de 12%. Os dados são da RTVE, rede pública de rádio e televisão do país, e do El País, maior jornal da Espanha.

Isso afasta, ao menos por ora, a sombra da ultradireita do poder na Espanha pelos próximos quatro anos. O conservador PP, de Alberto Feijóo, esperava contar com o Vox, conhecido por suas posições anti-imigração e anti-direitos LGBTQIA+, para formar maioria no Congresso.

Os números temporários contradizem as previsões das principais pesquisas eleitorais do país. Elas indicavam, em média, que o conservador PP (Partido Popular) teria 34% das intenções de votos, o esquerdista PSOE , 28%. Já o Vox e o Sumar ?coligação de esquerda que reúne seis partidos nacionais e outros 14 regionais? estavam empatados em terceiro lugar, com 13% das intenções.

Candidatos das legendas de esquerda esperavam que os eleitores se mobilizassem neste domingo para impedir justamente esse cenário, encorajados ainda por uma aparente vitória em um debate televisivo esta semana, ao qual o líder do PP faltou.

No sistema parlamentarista da Espanha, não se vota em candidatos, mas em partidos. Estes, por sua vez, indicam os deputados para as 350 cadeiras que compõem o Legislativo. A sigla ou a coalizão que conquistar a maioria das cadeiras ?ou 176 delas? estará apta a escolher o próximo premiê.

Por ora, as possíveis coligações entre PP e Vox e entre PSOE e Sumar estão empatadas, com 161 cadeiras cada. No entanto, a exemplo do que ocorreu no governo de Sánchez desde 2019, partidos independentistas catalães e bascos poderiam se unir, ultrapassar os 175 e permitir o governo do socialista.

Um agregador de pesquisas do jornal El País indicava durante a semana que as chances de que PP e Vox conseguissem, juntos, os 176 deputados necessários eram de 55%. Haveria ainda 15% de possibilidade que, juntos, o PSOE, o Sumar e os partidos separatistas catalão e basco alcançassem a maioria.

Nos últimos dias, o PP passou a insinuar com cada vez mais clareza que não tinha expectativa de conquistar sozinho os 176 assentos necessários para governar. Isso significa que ele muito provavelmente terá de se juntar à ultradireita do Vox para formar uma coalizão.

Caso se concretize, o cenário contradiria as críticas que Feijóo fez ao Vox durante a campanha. Alguns afirmam, porém, que ele usou a tática para entregar o mínimo de ministérios possíveis ao Vox.

É a primeira vez na história recente que os espanhóis votam durante o verão. Isso ocorreu porque, após o PSOE perder as eleições regionais em maio para o PP, o premiê Pedro Sánchez antecipou em quase quatro meses o pleito geral que estava programado para 10 de novembro. A ideia do PSOE era conter um desgaste maior frente ao crescimento da direita e diminuir a possibilidade de que o PP continuasse crescendo.

Mais de 37 milhões de espanhóis estavam aptos a votar nas eleições gerais da Espanha neste domingo (23), mas até as 18h, a participação de eleitores havia alcançado 53%. O fechamento das urnas ocorre às 20h.

Quase 7% dos eleitores votaram antecipadamente pelos correios. Mas o país, onde o voto não é obrigatório, costuma enfrentar abstenções relevantes: em 2019, mais de um quarto (28,5%) das pessoas não compareceu, e em, 2016, cerca de um terço. (33,5%).