Pesquisas na Argentina indicam 2º turno entre Milei e Massa

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pesquisas eleitorais na Argentina corroboram a tendência de polarização no país e indicam um segundo turno entre o ultraliberal Javier Milei e o peronista Sergio Massa, nome do governo de Alberto Fernández.

O cenário se desenha com base em pelo menos cinco levantamentos divulgados nas últimas duas semanas, logo após os argentinos se surpreenderem com o resultado das Paso, as eleições primárias.

A votação, que não elege ninguém e serve apenas para definir quais serão os candidatos do primeiro turno, em 22 de outubro, não confirmou as expectativas das pesquisas de opinião e alçou Milei à liderança, com 30% dos votos em uma candidatura única de sua chapa, A Liberdade Avança. Atrás dele veio Massa, escolha de 21,4% dos eleitores, e, em seguida, Patricia Bullrich, com 17% dos votos.

Diferentemente do peronista, a ex-ministra da Segurança tinha um adversário competitivo dentro de sua aliança, o chefe do governo de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta. Somando as duas alternativas da direita tradicional, a coalizão Juntos por el Cambio conquistou o segundo lugar, com 28,3% dos votos.

Tal conjuntura alimentou as expectativas de uma transferência dos votos para Bullrich, o que tiraria Massa de um segundo turno. De acordo com as pesquisas divulgadas, porém, talvez isso não aconteça.

Em levantamento contratado pela aliança de Massa, a União pela Pátria, a consultora Analogías mostra que Milei conquistaria uma vaga no segundo turno com 32,1% dos votos. Ele largaria na frente do peronista, que seria a escolha de 26,8%. Em terceiro lugar viria Bullrich, com 20,9% ?configuração semelhante ao resultado das Paso. A margem de erro dos números, baseados em 2.523 entrevistas feitas por telefone entre 18 e 21 de agosto, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa da Opinaia indica um desenho parecido: Milei lidera com 35% das intenções de voto e é seguido por Massa, com 25%, e Bullrich, com 23%. A diferença em relação à sondagem da Analogías é que o segundo e o terceiro colocados estão tecnicamente empatados na margem de erro, de 2,2%.

O levantamento, feito a partir de uma pesquisa online com 2.000 entrevistas realizadas entre 15 e 23 de agosto, dá esperanças a Bullrich de conquistar uma vaga no segundo turno em detrimento de Massa.

O levantamento do OPSA (Observatório de Psicologia Social Aplicada da Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires), por sua vez, dá uma porcentagem ainda maior de votos a Milei: 38,5%. Massa aparece com 32,3%, e Bullrich, bem atrás, com 23,7%. A pesquisa, que analisou 4.623 respostas dadas pela internet em 16 e 17 de agosto, tem margem de erro de 1,4 ponto percentual.

Há, porém, uma particularidade ?os pesquisadores dessa sondagem só entrevistam os que votaram nas Paso. Embora seja eficiente para medir migração e retenção de votos, o estudo não capta os 2 milhões de eleitores que costumam votar no primeiro turno sem comparecer às primárias, segundo o jornal Clarín.

Os candidatos podem vencer em primeiro turno se obtiverem mais de 45% dos votos ou, alternativamente, mais de 40%, desde que a diferença para o segundo colocado seja superior a dez pontos percentuais.

De todas as formas, as pesquisas precisam ser lidas com cautela. Embora tenham conseguido captar um crescimento do fenômeno Milei, um economista que promete acabar com o Banco Central da Argentina e já defendeu a comercialização de órgãos humanos, os institutos apontavam para um enfraquecimento do candidato perto das primárias. Nenhuma delas projetou sua liderança nas Paso.

Além disso, a Argentina passa por instabilidade econômica, o que torna a opinião pública mais volátil. De olho na insatisfação dos argentinos, Massa, que é ministro da Economia, anunciou no domingo medidas para tentar fortalecer o consumo, limitar o impacto da desvalorização do peso e enfrentar a inflação. As iniciativas incluem abonos fiscais e pagamento de bônus extraordinários a trabalhadores e aposentados.

"O objetivo central é que cada um dos setores da economia tenha, de alguma forma, o apoio do Estado", explicou o candidato governista em seu perfil no Instagram.