Com grávidas e crianças na UTI, hospitais beiram o colapso em Gaza
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Centenas de pessoas feridas por explosões chegaram nos últimos oito dias ao hospital Nasser, em Khan Younis, o segundo maior hospital de Gaza, segundo a agência de notícias Associated Press. Muitas correm o risco de morrer, já que a expectativa é que o combustível usado para manter as instalações se esgote nesta segunda-feira (16).
Os quartos da UTI do hospital, que fica ao sul da Faixa de Gaza, estão lotados, ocupados em sua maioria por crianças com menos de três anos.
"Não estamos recebendo ajuda médica de fora, a fronteira está fechada, a eletricidade está desligada. Isso representa um grande perigo aos pacientes", afirmou Mohammed Qandeel, que atua na área de cuidados intensivos do hospital.
Segundo Qandeel, há 35 pacientes na unidade de UTI que dependem de ventiladores e outros 60 pacientes em diálise. Se o combustível acabar, todo o sistema de saúde será desligado. "Estamos falando de outra catástrofe, outro crime de guerra, uma tragédia histórica."
Responsáveis pelo hospital Kamal Alwan, mais ao norte, afirmam que as instalações não foram esvaziadas porque não há forma de transportar pacientes sem colocar em risco suas vidas.
"Pediram que o hospital fosse esvaziado, mas isso significa a morte de crianças e pacientes sob os nossos cuidados. Não vamos deixar o hospital, mesmo que isso nos custe a vida", diz Hussam Abu Safiya, chefe da ala pediátrica. Ele afirma que há sete recém-nascidos na UTI ligados a ventiladores.
Segundo o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), existem 50 mil mulheres grávidas em um sistema de saúde que beira o colapso em Gaza.
Aproximadamente 5.000 mulheres devem dar à luz no próximo mês, incluindo aquelas em gestação de risco, diz Dominic Allen, representante do UNFPA, em entrevista à CNN neste domingo. "São mulheres grávidas que não têm para onde ir."
"Apesar dos israelenses sugerirem a existência de algumas áreas seguras na Faixa de Gaza, as pessoas estão expostas a bombardeios em todo o território, incluindo no sul", disse Avril Benoit, diretora-executiva da Médicos Sem Fronteiras.