O que se sabe sobre a explosão em hospital de Gaza

Por Folhapress

BOA VISTA, SP (FOLHAPRESS) - A explosão do hospital al-Ahli Arab, o mais antigo da Faixa de Gaza, se transformou em um dos episódios mais contestados do conflito entre Israel e Hamas, iniciado após ofensiva do grupo terrorista em território israelense no último dia 7.

Enquanto o Hamas acusa Tel Aviv pelo bombardeio do prédio e a morte de centenas de civis, as Forças de Defesa de Israel afirmam que a explosão foi resultado de um foguete lançado pelo grupo terrorista Jihad Islâmico.

Há poucas informações inequívocas disponíveis sobre o ataque. Relatos de médicos no local dão conta de que, a despeito da autoria, o hospital ficou repleto de corpos desmembrados após a explosão e piorou a situação do local e das equipes médicas, já sobrecarregadas pelo fluxo de mortos e feridos em outros ataques e pela falta de suprimentos.

Veja abaixo o que se sabe -e o que não se sabe- sobre a explosão no hospital al-Ahli Arab.

Qual a origem da explosão?

Inicialmente divulgada pela gestão do grupo terrorista Hamas em Gaza como resultado de um bombardeio israelense, a versão foi em seguida contestada por Tel Aviv, que responsabilizou a facção terrorista Jihad Islâmico. Segundo o Exército, foi o disparo fracassado de um foguete pelo grupo, que teria Israel como alvo, a origem da explosão no al-Ahli Arab.

Onde ela ocorreu exatamente?

Pelas fotos divulgadas após a explosão, o local que mais aparenta ter sido o alvo principal da explosão é o estacionamento do hospital. Há relatos, no entanto, de destruição dentro da instituição, e ainda não é possível saber o ponto exato e a extensão dos danos sem verificação independente.

Quantas pessoas morreram?

Na noite da explosão o número divulgado pelo Hamas era de 500 mortos, mudado para "centenas" em seguida. O diretor do hospital Shifa, próximo ao al-Ahli Arab, diz que entre 150 e 200 corpos e cerca de 300 feridos foram levados à instituição. Na quarta (18), o Hamas mudou o número novamente para 471 mortos.

Israel, Estados Unidos e União Europeia afirmam que o número está inflado. Segundo a inteligência americana, são entre 100 e 300 mortos, "provavelmente no extremo inferior" dessa faixa. À agência de notícias AFP um funcionário sênior da inteligência europeia diz acreditar que máximo 50 pessoas morreram.

O que diz Israel?

Israel cita imagens aéreas, fotos tiradas após a explosão e informações de inteligência sobre o lançamento de 10 foguetes do Jihad Islâmico poucos minutos antes de o hospital ser atingido para afirmar que a destruição não poderia ter sido causada por um míssil israelense.

Além disso, o Exército divulgou um áudio em que supostamente dois integrantes do Hamas falam sobre o dano ter sido causado por um foguete do Jihad Islâmico com origem em um cemitério próximo do hospital.

Em visita a Tel Aviv, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que a explosão parecia ter sido obra "do outro lado". A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, disse que "nossa atual avaliação [....] é a de que Israel não é responsável pela explosão". O órgão diz se basear em imagens aéreas, interceptação de comunicações e informações públicas.

O que diz o Jihad Islâmico?

O Jihad Islâmico rejeita a acusação de Israel. Em entrevista ao jornal The New York Times, um porta-voz da facção terrorista afirma que a capacidade dos armamentos do grupo é "primitiva" e que, embora equívocos do tipo tenham ocorrido no passado, "erros dessa proporção não aconteciam".

O que diz a administração do hospital?

O hospital al-Ahli Arab é administrado pela Igreja Anglicana, cujo arcebispo Hosam Naoum supervisiona a instituição. Segundo Naoum, o Exército israelense ligou e enviou mensagens para os administradores do hospital ao menos três vezes desde o dia 14 com alertas para que pacientes e funcionários deixassem o local.

O que diz o Hamas?

O Hamas, por meio de uma autoridade do ministério da Saúde local, reforçou em entrevista coletiva na noite de quinta a existência dos pedidos do Exército israelense para diretores do hospital e afirmou que a instituição já havia sido alvo de um ataque menor no dia 14 -a Igreja Anglicana, que administra o hospital, afirmou, em comunicado, que quatro funcionários morreram neste primeiro ataque.