Negacionismo climático pode custar derrota de Trump em eleição, diz estudo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um estudo liderado pelo cientista político Mathew Burgess, da Universidade do Colorado (EUA), apontou que as preocupações com as mudanças climáticas tiveram um efeito significativo e crescente nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos. O levantamento mostra ainda que o assunto tem favorecido os políticos democratas e que pode, inclusive, ter custado a derrota de Donald Trump no pleito de 2020.
Projeção dos pesquisadores aponta que Trump poderia ter obtido 3% de votos a mais na última eleição presidencial caso tivesse demonstrado uma preocupação maior com a crise do clima, o que poderia ter lhe dado a vitória na disputa contra Joe Biden.
Em 2020, um terço dos eleitores republicanos que consideravam as mudanças climáticas "muito importantes" votaram no democrata. A quantidade, disse Burgess ao site americano Semafor, representa apenas cerca de 3,5% do total de eleitores republicanos, mas em um pleito acirrado pode fazer a diferença. Neste ano, "parece provável que [o assunto] prejudique ele [Trump] novamente", acrescenta o pesquisador.
O estudo foi feito analisando dados de pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2016 e 2020. Uma das descobertas é que um dos fatores preditivos mais fortes para a escolha do voto é exatamente a opinião dos candidatos sobre as mudanças climáticas.
Embora a análise aponte que o tema é um assunto considerado importante para a maioria dos americanos (dois terços), apenas 10% dos eleitores consideram as mudanças climáticas como a sua principal preocupação. Uma minoria está disposta a aceitar os custos, como taxas de eletricidade mais altas, de uma política para frear o aquecimento global, segundo a publicação do Semafor.
Desta forma, analistas pontuam que pode ser arriscado para Biden apostar no tema em sua campanha de reeleição.
Durante sua gestão como presidente, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas. O compromisso assumido pelo país era de reduzir de 26% a 28% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2025. O governo de Barack Obama foi um dos fiadores do tratado.
Na ocasião, Trump afirmou que a saída representava uma "reafirmação da soberania americana", já que, na sua leitura, o acordo "paralisa os EUA enquanto empodera algumas das nações mais poluidoras do mundo". Em 2021, na gestão de Biden, o país voltou oficialmente ao Acordo de Paris.
Trump é alvo de vários processos criminais e civis, algo que aparentemente não abala seus apoiadores, mas também pode atrapalhar o republicano na corrida eleitoral. Por enquanto, ele alterna comícios com comparecimentos nos tribunais, como aconteceu nesta semana, com sua ida a um julgamento civil em Nova York para responder ao processo de difamação movido pela escritora E. Jean Carroll, que o acusou de violência sexual.
Confirmando expectativas, Trump venceu na segunda-feira (15) a primeira batalha pela nomeação republicana da corrida pela Casa Branca, em Iowa. Com mais de 95% dos votos contados, o ex-presidente tinha obtido 51% dos votos --maior percentual angariado por um candidato em uma disputa do partido.
A distância para Ron DeSantis, que teve 21,2% dos votos, foi de praticamente 30 pontos percentuais. Em terceiro lugar ficou Nikki Haley, com 19,1% dos votos.