George Santos diz que voltará a concorrer ao Congresso dos EUA após expulsão
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Primeiro deputado expulso da Câmara dos Estados Unidos em 20 anos, o republicano George Santos, filho de brasileiros, disse na noite de quinta-feira (7) que voltará a concorrer ao Congresso americano.
"Quero anunciar que retornarei à arena da política e desafiarei Nick para a batalha por #NY1", escreveu Santos na plataforma X, referindo-se a Nick LaLota, deputado do Partido Republicano que representa um distrito de Nova York. "Deus abençoe a todos e vamos às corridas!"
O ex-congressista foi destituído em dezembro após várias denúncias de irregularidades, mentiras, fraudes e crimes financeiros. Ele se tornou o primeiro republicano expulso da Câmara em toda a história e o primeiro político a perder o mandato sem ter sido condenado antes na Justiça.
Outros cinco congressistas haviam sido expulsos antes de Santos: três no século 19 por terem apoiado os confederados --que defendiam a manutenção da escravidão nos EUA-- durante a Guerra da Secessão, e dois desde os anos 1980 por corrupção.
Santos, 35, chamou a atenção após vencer em 2022 uma disputa acirrada no terceiro distrito de Nova York, que abrange Long Island e Queens. Ele foi o primeiro republicano abertamente gay a vencer uma eleição sem ser o incumbente.
O republicano, porém, logo se tornou motivo de piada nos EUA após uma série de reportagens e investigações criminais e por um Comitê de Ética do Congresso encontrarem evidências de que ele cometeu fraudes, lavagem de dinheiro e desviou recursos de campanha para despesas com itens de luxo, botox e até o site de conteúdo erótico OnlyFans. Santos nega ter cometido irregularidades.
O deputado cassado voltou ao Congresso americano na noite de quinta para acompanhar o discurso do presidente Joe Biden do Estado da União, ponto alto do calendário político em que o chefe do Executivo presta contas e explica sua visão de futuro ao Legislativo e Judiciário. Questionado por repórteres, Santos disse que, como ex-membro da Câmara, ainda tem acesso ao plenário.
Segundo Santos, o estado de Nova York não teve um político "verdadeiro conservador" para representá-lo desde que foi expulso do Congresso. "Acabei de testemunhar um presidente fraco e frágil entregando mentiras e mentiras ao povo americano. Fiz vários sacrifícios pessoais para servir o povo. Minha promessa é de que nunca desistirei por este país", escreveu ele no X.
Sem citar nominalmente Donald Trump, Biden usou seu discurso ao Congresso para atacar o adversário, defender os feitos de seu governo e fazer campanha por um novo mandato. O democrata oscilou entre seu personagem habitual, descontraído e piadista, e uma versão mais enérgica, na tentativa de mudar a visão dos americanos de que, aos 81 anos, ele está velho demais para comandar o país.
No mês passado, eleitores de Nova York escolheram o democrata Tom Suozzi para substituir Santos. O resultado diminuiu a maioria já estreita do Partido Republicano na Câmara --o partido passou a ter 219 deputados, contra 213 democratas. A legenda, portanto, pode ter mais dificuldades para aprovar projetos, considerando que o espaço para dissidências é menor.