Gangues no Haiti foram responsáveis por 1.500 mortes neste ano, diz ONU

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A violência provocada por gangues no Haiti matou mais de 1.500 pessoas neste ano, incluindo crianças. Os casos envolvem mortes causadas por linchamento, apedrejamento e queimaduras, de acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira (28) pelo escritório de direitos humanos da ONU.

"Fatores estruturais e conjunturais levaram o Haiti a uma situação cataclísmica, caracterizada por uma profunda instabilidade política e instituições extremamente frágeis", diz o documento.

Os conflitos envolvendo gangues no país se intensificaram nas últimas semanas, quando grupos rivais fortemente armados atacaram delegacias de polícia, banco central, o porto e aeroporto internacional.

O Haiti já enfrentava uma profunda crise política e de segurança, mas desde o início do mês gangues uniram forças para atacar locais estratégicos da capital Porto Príncipe, alegando que tinham a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry como motivo. Henry anunciou sua saída do cargo no dia 11 de março.

"É chocante que, apesar do horror da situação, as armas continuem chegando. Pedimos uma implementação mais eficaz do embargo de armas", afirmou Volker Türk, o alto comissário das Nações Unidas para direitos humanos na apresentação do relatório.

O relatório documenta 4.451 mortes no ano passado e 1.554 até 22 de março deste ano. Algumas pessoas foram mortas em suas casas em represália ao suposto apoio à polícia ou a gangues rivais. Outras foram mortas na rua por atiradores ou em troca de tiros, indica o relatório da ONU. Uma das vítimas era um bebê de três meses.

Brigadas armadas que preenchem um vácuo de segurança deixado pela polícia lincharam 528 pessoas suspeitas de vínculos com gangues no ano passado e 59 até agora, neste ano.

Crianças estão sendo recrutadas por grupos armados: meninos são usados como vigias para ajudar em sequestros e roubos e, meninas, realizam trabalhos domésticos. Algumas crianças que tentaram escapar foram executadas, disse o relatório.

ONU