Retrato do desemprego
Retrato do desemprego Cerca de 75% dos camel?s de Juiz de Fora j? trabalharam com carteira assinada. Desemprego ? o principal fator para o ingresso no mercado informal aponta pesquisa
Rep?rter
04/12/2006
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Os dados foram levantados em uma pesquisa realizada pelos acad?micos do curso de economia das Faculdades Integradas Vianna J?nior, na qual 96 camel?s da regi?o central da cidade passaram por uma entrevista, durante o m?s de novembro deste ano. De acordo com o professor-orientador do projeto, Silvio Magalh?es, o objetivo ? tra?ar um perfil s?cio-econ?mico desses trabalhadores e sugerir algumas alternativas para o munic?pio.
Entre os resultados mais relevantes, o levantamento aponta que 75% dos camel?s j? trabalharam com carteira assinada, mas 40% optaram pela atividade devido ao desemprego. H? ainda outras raz?es, como a satisfa??o pessoal (14,4%), aposentadoria (5,6%) e por n?o ter patr?o (4,4%).
Dos que trabalharam com registro em carteira, verificou -se que a maioria (34,7%) ficou na formalidade por um per?odo de 1 a 5 anos, sendo que 25% por um tempo maior, de 5 a 10 anos, 11,1% de 10 a 15 anos e 16,7% por um per?odo acima de 15 anos, sendo que 50% dos entrevistados estavam alocados no setor terci?rio (com?rcio). Quando o assunto ? voltar ao mercado formal, a resposta de 66, 2% ? clara: n?o querem retornar ao trabalho com carteira assinada.
Cerca de 33% dos entrevistados tamb?m acreditam que e a informalidade ? mais rent?vel do que o com?rcio formal na cidade, j? que 65% t?m faixa salarial entre um e tr?s sal?rios m?nimos, enquanto os trabalhadores formais recebem R$ 408 na carteira assinada.
Her?is da resist?ncia
Outro dado apurado pelos acad?micos, revela que mais da metade dos entrevistados (50,5%) disseram estar no ramo informal h? mais de 10 anos, fato que sugere certa estabilidade no ramo.
Daquele tempo de adolescente, Arcanjo guarda lembran?as da Ditadura Militar, per?odo em que era freq?entemente fiscalizado. "Eles chegavam batendo e humilhando cada um. Era uma guerra, pois bat?amos tamb?m", declara. Embora o comerciante tenha lutado para chegar aos 39 anos de camel?, as boas lembran?as s?o in?meras. "Trabalhar na rua ? formar uma fam?lia. Tenho gera?es de amigos por aqui", conta sorridente.
Sempre que pode, o amigo Gil Guimar?es Rosa (foto acima, ? esquerda) visita a barraca de Arcanjo e puxa um banquinho branco para bater um papo e colocar os assuntos em dia. "Conhe?o o Arcanjo h? muitos anos. J? sabia quem era, mas fiquei mais amigo quando ele veio para o camel?", comemora a amizade.
O tempo em um mesmo ponto de trabalho, como ? o caso de Arcanjo reflete outra conclus?o da pesquisa: 69,5% dos entrevistados disseram ser propriet?rios dos pontos de com?rcio.
O vendedor de doces Geraldo de Freitas ? outro que fez amizades como comerciante h? 30 anos. Sua primeira atividade foi como vendedor de picol?s e ap?s um acidente em que perdeu o bra?o esquerdo e os dedos do p? fixou seu ponto em frente ao Pan Marechal, como vendedor de doces. Geraldo explica que conseguiu tratar de sua sa?de com o dinheiro do com?rcio. "Se Deus me pagasse de acordo com o n?mero de amigos, estaria rico", brinca.