Disciplina financeira

Por

Fernando Agra 15/10/07

13º salário: o que fazer com ele?

O ano se aproxima do seu final e, dentro em breve, o 13° salário será pago aos funcionários públicos e privados. Entretanto, já agora, dúvidas surgem sobre o que fazer com o mesmo. E você, caro leitor, já sabe o que fará como esse salário a mais?

Inicialmente, é importante ressaltar que as empresas privadas têm até o dia 30 de novembro para pagar a primeira parcela e até 20 de dezembro para o restante do 13° salário aos seus funcionários. Vale lembrar que no setor público, alguns setores já pagaram metade do 13° no meio do ano. De um modo geral, esses trabalhadores terão um adicional em suas receitas no final do ano. E aí, o que fazer com esse salário a mais? É bem verdade que essa resposta vai depender da atuação situação financeira de cada trabalhador.

Aquele indivíduo que possui dívidas no cartão de crédito, no cheque especial ou perante qualquer outro tipo de agiota e as mesmas não foram pagas em dia e com isso, juros sobre juros somente têm feito crescê-las, é aconselhável que o 13° salário seja utilizado para quitar ou pelo menos, abater parte dessas dívidas. É irracional fazer novas dívidas numa situação dessa natureza. Vale ressaltar que chamo atenção para esse tipo particular de situação, não me refiro a dívidas que são pagas em dia e estão equalizadas dentro orçamento. Até porque parcela considerável da população brasileira não possui condições de comprar tudo à vista e nem tem esse hábito.

Caros leitores, cuidado com instituições financeiras que querem antecipar o seu 13° salário e cobram até 3,5% ao mês de taxa de desconto além de outras tarifas. Só vale à pena antecipar se você possui dívidas que te cobram juros mais altos do que aqueles que essas mesmas instituições financeiras cobrarão para essa antecipação.

Já para aquelas pessoas que possuem sua situação financeira organizada, o 13° salário pode servir para ampliar e diversificar o consumo nessa época do ano. Sendo assim, os mesmos podem se dar ao requinte de destinarem parte desse salário na aquisição de algo que vai satisfazer um desejo e não faz parte do consumo cotidiano ao do ano, bem como direcionarem outra parte para a poupança em alguma aplicação financeira (caderneta de poupança, fundos de renda fixa, CDB, DI ou até fundos de ações), de modo a ampliar seu patrimônio.

E tem mais, é importante lembrar que em janeiro são concentrados alguns impostos, como IPTU e IPVA, além de matrículas e materiais escolares. Com isso, uma parte do 13°salário pode ser destinada para essas despesas supracitadas. O melhor seria que dentro do orçamento anual o próprio indivíduo já tivesse separado uma parte para essas despesas de início de ano. Para facilitar, vamos observar o seguinte exemplo: se uma pessoa gasta, em média, R$ 1.200,00 com IPTU e IPVA, a mesma pode, no ano imediatamente anterior, reservar R$ 100,00 por mês ano e aplicar num fundo conservador (cujo risco é pequeno e o capital aplicado é preservado e até rende um pouco).

Essa última situação é muito confortável, pois o trabalhador, cujas dívidas estão equilibradas dentro do seu orçamento e o mesmo ainda possui uma reserva para as despesas de início de ano, o 13° salário vem como algo extra de modo a ampliar a satisfação com o que se quer consumir na festa natalina e no reveillon.

Entretanto, caro leitor, se a sua situação ainda não é essa, tais dicas servem para que você se organize financeiramente, ao longo de 2008, para que daqui a um ano, você possa desfrutar das benesses aqui discutidas, que o 13° salário pode propiciar.


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá e Universo e do curso de Formação Gerencial do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a instituições em Juiz de Fora - MG.

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