Saiba como alterações na pol?tica monetória podem mudar nossas vidas

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Saiba como altera?es na pol?tica monet?ria podem mudar nossas vidas
 Fernando Agra 15/5/2012

Saiba como as alterações na política monetária podem mudar nossas vidas

Prezados leitores, vocês têm acompanhado as notícias de política monetária divulgadas pela imprensa nas últimas semanas. Queda da SELIC, mudança no cálculo da poupança etc. E aí, caros leitores, como essas questões afetam as nossas vidas?

Para não ficar de fora dos artigos, o nosso querido Avatar (personagem dos nossos recentes textos) também fará parte deste. Ao caminhar pela Zona Azul onde moro, encontrei meu amigo Avatar (qualquer lugar que eu caminhe na região central de Juiz de Fora e adjacências há Zona Azul e nem sempre as ruas estão asfaltadas adequadamente. Há ruas com verdadeiras crateras, que danificam os veículos automotores e, com isso, aumentam os custos de manutenção dos mesmos com alinhamentos, balanceamentos, pneus etc.) e aí ele veio conversar comigo sobre liberdade de expressão e o papel das redes sociais na democratização das ideias nos dias atuais.

Eu disse ao mesmo: - Nossa! Como você sabe que eu realmente quero tocar nesse assunto? Ele respondeu: - No nosso planeta aprendemos a ler pensamentos. O Avatar também havia lido nos meios de comunicação que a Presidente Dilma autorizou a Comissão da Verdade, que investigará as violações cometidas contra os direitos humanos entre 1946 e 1988 e isso despertou nele os assuntos supracitados.

Mas, de repente, como que por uma luz, o Avatar disse: - Vamos mudar de assunto. Vamos falar sobre política monetária. Em breve, você entenderá o porquê dessa sugestão. Confie na minha intuição. Um pouco a contragosto, resolvi seguir o conselho do meu novo amigo (quem quiser conhecer um pouco melhor do mesmo, pode ler meus três artigos imediatamente anteriores aqui mesmo na ACESSA.com). Inicialmente, expliquei para o Avatar que Política Monetária é um instrumento utilizado pelo governo para regular a oferta de moedas na economia e, com isso, influenciar o comportamento das taxas de juros. O que tem acontecido nas últimas reuniões do Copom (Conselho de Política Monetária) são as quedas da SELIC (taxa básica de juros, que remunera os títulos da dívida pública e, como o governo é o maior agente da economia, a mesma serve de referência para as demais taxas de juros praticadas na economia). Ao reduzir a SELIC, o governo quer estimular a demanda (consumo e investimento) de modo a aquecer a economia e gerar mais empregos e, com isso, evitar que sejamos pouco contaminados pela Crise Europeia, caso essa realmente se espalhe pelo mundo (Deus nos livre e guarde de outra crise em tão pouco tempo!).

Só que para promover maiores reduções na SELIC (que hoje está em 9% ao ano), o cálculo de rendimento da poupança realmente precisava ser mudado. Assim, atualmente, a caderneta rende 0,5% ao mês mais a TR (o que perfaz 6,17% ao ano mais a TR). E vale lembrar que esse rendimento é líquido, pois sobre a poupança não incide Imposto de Renda. Já as demais aplicações financeiras conservadoras (CDB, Fundos de Renda Fixa e DI, bem como os Títulos Públicos, apresentam seus rendimentos atrelados à SELIC) e com futuras quedas das mesmas, a rentabilidade da poupança (como sempre foi calculada) poderia ser maior e, com isso, haver uma enorme migração das demais aplicações para a caderneta e, com isso, o governo passaria a ter problemas para captar recursos via venda de títulos da dívida pública, bem como os próprios bancos teriam dificuldades para captar recursos via aplicações supracitadas. E vale lembrar que os depósitos de poupança têm seus destinos muito limitados ao setor habitacional.

Enfim, quando a SELIC ficar num valor de 8,5% ou menor, a rentabilidade da poupança muda e seu rendimento será de 70% da SELIC mais a TR. Isso não é bom para quem aplica na poupança, pois o rendimento cairá, mas para economia é importante, pois permitirá que a SELIC caia a patamares civilizados e compatíveis com os juros praticados em países de mesmo porte da economia brasileira. Essa medida é necessária, porém insuficiente para melhorar a economia. Precisamos também de uma reforma tributária, de investimentos em infraestrutura e na logística do país.

Aí o Avatar me perguntou: - E o que acontece com as cadernetas de poupanças anteriores ao dia 3 de maio deste ano? Eu disse: - Não acontece coisa alguma. Elas continuarão a ter o mesmo rendimento, independente da SELIC. Com isso, se a SELIC cair muito, as cadernetas de poupança antigas apresentação uma rentabilidade relativamente maior do que as demais aplicações financeiras. Aí o Avatar disse: - Então não devo sacar o que tenho na caderneta de poupança antiga. Eu respondi: - Isso mesmo. Não se deu por satisfeito, o Avatar perguntou: - E com relação à Bolsa de Valores, vale à pena comprar ações agora? Aí eu respondi: - Tenho um amigo que entende do assunto, chama-se Alan e pode nos dar apoio nessas decisões, pois esse profissional entende do assunto, é ético e promove apoio que visa educar financeiramente as pessoas que precisam aprender a operar na Bolsa. Mas eu disse para o Avatar que esse será assunto para as nossas próximas conversas, pois como já passava de 2 horas que conversávamos, eu corria o risco de ter que pagar mais um bilhete por estar na Zona Azul. O Avatar sorriu e disse: - Não vou lhe cobrar, pois você está a pé. Eu retruquei: - Olha só, ontem sonhei que já estavam cobrando até para eu andar a pé na Zona Azul.

Despedi-me do meu amigo Avatar e ele voltou para casa (num voo espetacular por sobre os carros) mais satisfeito e com um melhor grau de informação sobre a política monetária do Brasil. E eu faço votos que a Presidente reduza também a tributação sobre as aplicações financeiras (Imposto de Renda e IOF), bem como continue com a coragem e promova uma reforma tributária, de tal modo que o país possa se desenvolver sem risco de ter que abortar qualquer crescimento ameaçado por uma inflação de demanda.


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.