Você já foi abordado por algu?m com promessas de enriquecimento f?cil?

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Voc? j? foi abordado por algu?m com promessas de enriquecimento f?cil?
 Fernando Agra * 14/6/2012

Marketing de pirâmide: cuidado!

Caros leitores, vocês já foram abordados, ultimamente, por alguém com promessas faraônicas de enriquecimento fácil? Tais pessoas vêm com a conversa de que nunca foi tão fácil ganhar dinheiro. Vocês acreditam nessa história? Sinceramente, será que alguém bate à nossa porta ou nos aborda na rua oferecendo dinheiro fácil de modo honesto? Se você foi vítima, tome muito cuidado! Seja racional e pergunte a si mesmo: dinheiro cai do céu?

Ganhar dinheiro nunca foi fácil. Não de maneira honesta. Até porque as coisas não costumam cair do céu. Mas, contradizendo esta última frase, há mais ou menos um século, foi inventado um modelo comercial não sustentável: o esquema de pirâmide (em cada época apresenta-se com uma nova roupagem para lesar as pessoas), que visa à injeção de capital e a movimentação deste entre os participantes, mas sem haver troca de benefícios. A questão é que ocorre o investimento de capital e, diferente do marketing de rede, que busca manter o investidor no topo, o marketing de pirâmide vai objetivar manter o aplicador na base. Aí é que os gatunos se aproveitam para ganhar dinheiro dos ingênuos (achamos esse adjetivo mais suave, pois havia outros mais sinceros), uma vez que quem ingressa nesses esquemas somente conseguem ganhar dinheiro às custas da enganação dos menos avisados e somente os primeiros (que estão no topo da pirâmide) é que ganham. Isso é uma questão de matemática e de economia básicas.

Matemática por quê? É impossível todo muito sair ganhando em um esquema que os que estão na base sustentam os que estão no topo. Quem está na base vai à caça de mais otários, desculpem-nos, em busca de mais ingênuos e gananciosos que possam colocar seu dinheiro no esquema. E assim sucessivamente. Se tempo tendesse ao infinito, aí todos ganhariam. Mas isso não é possível e quando as pessoas perceberem que estão sendo enganadas e tentarem resgatar seu dinheiro, não haverá suficiente para todos e a pirâmide desmorona.

Economia por quê? Não existe aplicação financeira que pague acima da média de mercado. Se fosse assim, todo mundo estaria rico. O que é impossível! E, se mesmo assim, todo mundo estivesse com dinheiro em excesso, poderia haver um processo de inflação de demanda, pois caso todas as pessoas afortunadas fossem às compras e não encontrassem produtos suficientes, o mercado, pela Lei da Oferta e da Demanda, encarregar-se-ia de aumentar os preços, o que desvalorizaria parte dessa suposta riqueza.

Para ficar mais claro, o lucro do marketing de pirâmide advém do cadastro de novos trouxas (desculpem-nos novamente, novos investidores) abaixo de um espertalhão principal, formando como o próprio nome diz, uma pirâmide. Na teoria, todos ganham e o lucro oferecido pelas empresas é altíssimo se comparado com o investimento inicial, mas na prática apenas os primeiros investidores, aqueles que estão no topo da pirâmide é que conseguem o lucro real, como apresentado anteriormente. É importante relembrar que é possível que a pirâmide se desfaça em algum momento. E, quando isso ocorre, aqueles que estão na base acabam perdendo o dinheiro injetado.

O marketing de pirâmide, por ser oco, ou seja, não possuir um produto concreto pelo qual seja motivo o ganho real de dinheiro, trata-se de um golpe que na constituição brasileira se dá por crime previsto na lei nº 1.521/51, inciso IX do 2º artigo. Portanto, é necessário que possíveis investidores não se deixem levar pela ideia de lucro rápido, tendo em vista que as pessoas que lideram a pirâmide são treinadas para convencer os mesmos de que é um negócio vantajoso. Tais pessoas são notórias conhecedoras de oratórias (como alguns pregadores das nossas madrugadas), têm o conhecimento de como iludir os trouxas e gananciosos que se deixam seduzir por esse esquema de dinheiro fácil. Duvidamos muito da idoneidade tanto de quem pratica esse esquema quanto quem ingressa no mesmo como investidor. A ganância por dinheiro fácil e o desvio de caráter explicam bem o comportamento dessas pessoas.

* Colaborou: Letícia Mota de Oliveira, estudante do 1º período do Curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Estácio de Sá – Campus de Juiz de Fora – MG.


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.