Selic cai novamente
Selic cai novamente
Na semana passada, o Copom (Conselho de Política Monetária) reduziu, mais uma vez, a Selic e esta chegou ao menor patamar nominal desde que a mesma foi criada, em 1986. Desta vez, a Selic caiu a 7,25% ao ano. Mas como o governo altera a Selic? Qual o objetivo da política monetária? Qual a diferença entre taxa de juros nominal e real?
Política monetária é o instrumento utilizado pelo governo para controlar a oferta de moedas (de um modo bem simples, reflete a quantidade de dinheiro em circulação na economia, determinado pela autoridade monetária, que é o Banco Central) e os meios de pagamentos (que de modo simples novamente, equivale à quantidade de vezes que a moeda "muda de mãos"). Ao controlar a oferta de moedas e os meios de pagamentos (ou pelo menos influenciar fortemente seus comportamentos), o governo determina a taxa de juros básica da economia, Selic, e por consequência influencia as demais taxa de juros (aplicações financeiras e fontes de financiamento).
Vale lembrar que a taxa de juros é o preço da moeda e com isso, a mesma é determinada pela relação entre oferta e demanda por moedas (demanda monetária que os agentes econômicos possuem para suas obrigações financeiras: transações, precaução e especulação). A demanda por moedas apresenta uma maior estabilidade no curto prazo. Já a oferta de moedas apresenta uma maior volatilidade. Com isso, ao controlar a oferta de moedas, o governo determina a taxa de juros.
O governo é o único agente da economia que oferta e demanda moeda simultaneamente. Os demais agentes (famílias, empresas etc.) somente demandam moeda. É através dos clássicos instrumentos de política monetária que o governo amplia ou reduz a oferta de moedas na economia. O primeiro é o open-market (mercado aberto), relativo à compra e venda de títulos públicos. O segundo é o compulsório, que se refere ao percentual dos depósitos, realizados nos bancos comerciais, que fica retido no Banco Central. E o terceiro é a taxa de redesconto, que é uma taxa cobrada pelo Banco Central para antecipar os descontos de títulos dos bancos comerciais. Quando as vendas líquidas de títulos públicos por parte do governo sobem e/ou quando o governo aumenta o compulsório e/ou eleva a taxa de redesconto, tudo isso diminui a oferta de moedas na economia e, por conseguinte, com menos moeda, o seu preço sobre, ou seja, as taxas de juros sobem. O contrário é verdadeiro para reduzir as taxas de juros.
As sucessivas reduções da Selic têm o objetivo de aquecer a economia através do estímulo à demanda agregada, sobretudo pelo estímulo ao aumento do consumo das famílias e dos investimentos das empresas. A cada semana, as projeções para a variação do PIB brasileiro, para este ano, apontam para um crescimento menor. A mais recente aponta um crescimento do PIB inferior a 2%. Preocupado com isso, o governo, através de uma política monetária expansionista (expande a oferta de moedas para reduzir os juros) tenta reverter essas expectativas.
Para finalizar, vale ressaltar que a taxa Selic representa uma taxa nominal e o que importa, tanto para os investidores (agentes que criam empresas ou ampliam as que já existem, ou seja, agentes que estão diretamente focados no setor produtivo da economia) quantos para os especuladores (agentes que apenas se interessam por ganhar na rentabilidade das aplicações financeiras, sobretudo, nos títulos da dívida pública), o que importa é a taxa de juros real, que equivale à taxa nominal descontada a inflação. Uma Selic de 7,25% ao ano com uma projeção de inflação de 5,35% para este ano, equivale à taxa de juros real é 1,8% ao ano. A taxa de juros real é 1,8% ao ano.
Finalizo este artigo com uma solicitação aos leitores: cuidado ao adquirirem livros, pois vocês podem comprar livros com títulos e subtítulos diferentes, mas que são os mesmos livros. Eu fui induzido ao erro, ao comprar um livro e ao chegar em casa, verifiquei que se tratava do mesmo livro que eu já tinha, só que com título e subtítulo diferentes. Qual a intenção de uma autora ao fazer isso? Que a justiça seja feita!
- "Roubo por fora": Como custa caro à sociedade!
- Criança saudável, poupança cheia!
- No meio da crise, vale continuar a estimular crescimento via consumo?
Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira. Saiba mais cliente aqui.