Cresce a procura por alimentos org?nicos

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Cresce a procura por alimentos org?nicos
 Fernando Agra * 12/11/2012

Cresce a procura por alimentos orgânicos

Bolos, pães, biscoitos, barras de cereais, temperos e vinhos; sem falar de vários tipos de doces, geleias, café, legumes e hortaliças e do primeiro refrigerante orgânico inventado no mundo. De pouco em pouco, o mercado de alimentos sem a utilização de agrotóxicos tem deixado de ser um tipo de produto que não é tão requisitado e procurado pelos consumidores. No Brasil, esses produtos faturam em media US$ 20 milhões ao ano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio). Mas se essa quantia aparenta ser expressiva, a rigor, podemos dizer que é ainda uma modéstia parte comparada ao giro mundial desses itens, de US$ 95 bilhões anuais. Caro leitor, você está disposto a consumir alimentos orgânicos?

O país, em sua capacidade máxima, está longe de poder ofertar produtos orgânicos em larga escala, utiliza 5% de seu potencial, mas, em compensação, a terra e o clima favorável já atraíram europeus, norte-americanos e japoneses, que, dessa forma, investem aqui para atender à demanda de seus consumidores em seus respectivos países. O Brasil deve exportar cerca de US$ 15 milhões em produtos orgânicos nesse ano.

Em grandes redes de supermercados podemos encontrar prateleiras recheadas de produtos naturais e o consumidor é surpreendido por inovações desses alimentos, como limonada ou salgadinhos tipo chips assados integrais e orgânicos. Segundo a Associação Mineira de Supermercados (Amis), houve um aumento de até 3% na participação desses produtos no mix das redes, mas a demanda continua firme. Houve um aumento de 32% na procura por esses alimentos, é o que diz a pesquisa realizada em janeiro do ano passado pelo Grupo Super Nosso. Em consequência disso, o mix de produtos na rede alavancou e subiu para 36% de participação no mix dessa rede, em 12 meses, o que totaliza 170 itens (excluindo hortifrútis).

O mercado dos produtos orgânicos possui apelos que, cada vez mais, influenciam o consumidor brasileiro a pagar em média de 20% a 40% a mais pelos alimentos que levam o selo. Podemos verificar que, mesmo esses produtos sendo mais caros que os demais, há um crescimento na procura. "Mas o porquê desses alimentos serem caros?" José Alexandre Ribeiro, presidente da BrasilBio responde: "O mercado é sustentado por três grandes pilares: a saúde da população; a questão social, já que 90% dos alimentos são fornecidos pela agricultura familiar; e a preservação ambiental, que faz com que os consumidores pensem nisso e consumam esses alimentos. Mas, mesmo assim, esses produtos não são tão acessíveis assim. Devido à falta de demanda são bastante caros e são caros pois falta demanda."

Para Fernando Antônio Agra Santos, doutor em Economia Aplicada e professor universitário em Juiz de Fora, o consumo de alimentos orgânicos é de extrema importância para o cuidado com a saúde, com seu bem estar e o de sua família, e não necessariamente é preciso o gasto excessivo com esses alimentos, pois ele mesmo possui um canteiro com plantações de alimentos orgânicos (salsa, cebolinha, manjericão, alface etc.) em seu apartamento, no oitavo andar do prédio onde reside. Mesmo morando em apartamento, Agra separou um espaço de sua moradia para que possa plantar e cultivar esses tipos de alimentos para benefício próprio e de sua família; ele deixa claro que não conseguiria se sustentar somente com esses alimentos, mas que eles são de grande valia para manter sua saúde e, ao mesmo tempo, é uma forma de economizar na compra dos mesmos. Ele ressalta: "colho minhas verduras pouco tempo antes de almoçar para realizar uma higienização apenas com água e, às vezes, quando chego à noite, após as aulas, gosto de comer algo e vou lá e colho uma salsinha fresquinha". Seguem algumas fotos da horta orgânica de Agra, tiradas pelo próprio "produtor urbano de produtos orgânicos para subsistência":

O consumidor pode perguntar se a compra e o consumo desses alimentos valem mesmo a pena; o que podemos afirmar, com toda certeza, é que muitos já se decidiram sobre isso e, a cada dia que se passa, esses alimentos têm ganhado mais e mais adeptos. Caros ou não, cultivados em casa ou não, apenas um modismo ou não; esses alimentos já ganharam seu espaço nas prateleiras dos comércios e nas cozinhas de muitas donas de casa.

Uma vez que a falta de informações precisa sobre se os alimentos transgênicos (geneticamente modificado) fazem mal ou não à saúde não são claras (alguns países europeus proibiram as importações de produtos transgênicos), bem como o excesso de agrotóxicos na produção fazem com os orgânicos despertem o interesse de parte da população. Só para lembrar, cuidado com alimentos transgênicos, os mesmo são identificados minusculamente por esse símbolo ao lado (quase todo óleo de soja, fermento, ração par animais, farinha de milho são transgênicos).

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Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira. Saiba mais cliente aqui.