Fazer parte do mercado
Ser jovem aos 23 ou aos 31 gera o mesmo desafio na hora de abrir um
neg?cio. O importante ? a postura em rela??o ao mercado
S?lvia Zoche
Rep?rter
18/05/05
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O t?cnico da N?cleo Regi?o de Juiz de Fora, do Sebrae, Marcelo Rother, d? algumas dicas para um jovem que deseja entrar no mercado
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Para que um neg?cio d? certo, ? preciso muito mais que a "gen?tica
financeira da fam?lia". Uma bela id?ia, nicho de mercado e car?ter
empreendedor s?o fundamentais.
Mas, antes de entrar em a??o, um alerta: a rela??o passional com o produto que
se deseja colocar no mercado. "A busca por informa?es e uma postura mais
t?cnica, mais questionadora s?o essenciais. Quando se cria uma rela??o passional, o
neg?cio tende a n?o dar certo", comenta o t?cnico da N?cleo Regi?o de Juiz de Fora, do Sebrae, Marcelo
Rother de Souza (foto ao lado).
Segundo ele, para se ter sucesso no empreendimento n?o importa a
idade. "O mercado n?o quer saber se a pessoa ? jovem
ou n?o. O que vale ? uma id?ia luminosa", diz.
Alguns fatores apontados por Rother devem ser olhados com cuidado.
Muitas vezes, as pessoas querem partir para a a??o, propriamente dita, e
esquecem da import?ncia de planejar. Planejar ? o primeiro passo.
N?o buscar informa?es sobre o neg?cio que quer implantar ? outro erro.
Tomar as atitudes, pensando que j? possui dados suficientes para se abrir
um neg?cio promissor. ? preciso conhecer o que o mercado j? oferece.
Ter uma rela??o passional com o produto, que j? foi abordada no in?cio da
mat?ria, n?o ? indicado, de forma alguma.
N?o fazer levantamento de mercado, de tecnologias usadas, pode fazer o
trabalho estagnar. Saiba quais s?o as tecnologias usadas para o
produto que voc? idealiza. Veja se o capital que voc? possui ?
suficiente.
Fa?a os c?lculos e saiba o per?odo de matura??o da empresa, ou seja, saber quanto tempo a empresa ficar? no vermelho e a partir de quando ela ser?
auto-sustent?vel. Assim, ser? pos?vel programar-se.
N?o concentre os conhecimentos somente na cidade em que vai atuar. ?
importante conhecer a realidade de outras 'pra?as'.
Cuidar, com aten??o, de todos os aspectos, como a tecnologia, custo,
proje??o de valores e parcerias.
Ao ter d?vida sobre algum setor, n?o se acanhe. Procure ajuda em
organiza?es como Senai,
Senac, Sebrae...
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Para saber os desafios que o jovem pode enfrentar buscamos depoimentos de
alguns empreendedores, leia abaixo as hist?rias:
Camisas estilizadas
As irm?s Cintia Loos, 25, e Simira Loos, 27, (foto abaixo) entram no mercado aos
poucos. Algumas tribula?es fizeram e ainda fazem parte do processo de
crescimento do neg?cio de camisas estilizadas.
Clique para ampliar a imagem
A id?ia foi fazer camisas pintadas ? m?o, mas com um estilo pr?prio. Um modelo
que faz muito sucesso, segundo elas, ? a pintura de uma boneca em que as
roupas podem ser trocadas, porque s?o presas com velcro. Mas, h? quatro anos, o que Simira queria, mesmo, era vender quadros em ?leo
sobre tela, que pintava. "Como s?o caros, estava dif?cil vender". Simira
fez uma experi?ncia. Pintou bonecas (como as que se fazem em quadrinhos,
clique), em vez de paisagens. Para saber se ficaria bom, ela testou em uma camisa de malha.
Ao mostrar a camisa na escola em que trabalhava, as encomendas come?aram.
A irm? Cintia j? fazia faculdade de Administra??o e come?ou a ajudar com a parte burocr?trica.
Abriram uma loja chamada "Achei a Sua Cara" - nome da marca das
camisas, tamb?m - e reconhecer firma. "Al?m das camisas,
vend?amos produtos da feira hippie de Belo Horizonte. S? que as camisas eram
mais procuradas e n?o t?nhamos um estoque. Para somar, o aluguel estava
caro. Fechamos a loja e paralisamos a empresa", conta Cintia.
A solu??o foi procurar ajuda no Sebrae. Pediram consultoria e um m?s depois estavam na feira do Sal?o de Oportunidades, em Belo Horizonte. "Foi
uma loucura.
Em menos de um m?s, pintamos 300 camisas", lembra Simira.
Venderam quase todas no stand em que ficaram e descobriram que precisavam se
informar mais. "As pessoas queriam encomendar e a gente n?o sabia dizer a
quantidade, mas foi bom para aprendermos", conta. Na feira, tamb?m viram que
deixaram escapar uma oportunidade. "Pintamos somente dez camisas infantis e a
procura foi enorme", lamentam.
Mas desistir n?o faz parte do vocabul?rio das irm?s. J? fizeram um desfile
de suas camisas para ajudar, voluntariamente, o Hemominas, em novembro de
2004. Simira, que voltou a estudar Pedagogia, j? recebe encomendas de
alunas de faculdades. "Elas querem que eu pinte o nome da faculdade. Uma
professora j? me pediu que eu pintasse em braile", conta sorridente.
Enquanto isso, Cintia espera formar-se em Administra??o para retomar os
neg?cios junto a irm?.
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Bolsas personalizadas
Fernanda Feliciano Costa, 31, e Renata Feliciano Costa, 26,
s?o irm?s, e moram em Santos Dumont/MG. Elas est?o, h? quase dois anos, no ramo de bolsas
personalizadas com pedras acr?licas e semi-preciosas e tecidos diferentes,
como fibras de bananeira, til?pia, cetim, indiano, r?men, entre outros.
A id?ia era uma vontade de Fernanda que teve a irm? como s?cia h? pouco
tempo. "Ela faz faculdade de Economia e j? tornou-se uma pe?a fundamental para o
neg?cio", afirma Fernanda.
A procura por pedras ideais e pesquisa fizeram parte dos neg?cios. "Precisava de pedras que fossem furadas e, ao mesmo tempo, n?o fossem
pesadas".
Para Fernanda, persist?ncia e cren?a ? que fazem o
empreendimento prosseguir. "Acredito muito no que fa?o". Al?m disso,
procurou a ajuda do Sebrae para orienta?es administrativas. J? participaram de feiras em Belo Horizonte e trabalham somente com
encomendas, no ateli? localizado em sua casa. "Somos em tr?s. Eu, minha irm? e mais uma funcion?ria.
Conseguimos confeccionar 10 bolsas por dia. ? muito para tr?s pessoas, mas
n?o ? suficiente para larga escala", conta.
A divulga??o do produto ? feita em eventos, como feiras. "Algumas pessoas
se interessam e divulgam a outras. J? temos algumas propostas, inclusive em
Juiz de Fora". Uma loja, em S?o Paulo,
pede exclusividade nas vendas das bolsas na capital. "O material ?
diferenciado, mas confesso que ? um produto que precisa evoluir. Tudo
tem seu tempo", ressalta.
Como Fernanda est? finalizando uma sociedade antiga, ela ainda n?o pode
formalizar a nova firma. Mas acredita que isso acontecer? em breve. "A
evolu??o do neg?cio atual faz com que eu persista", conclui.
Clique nas fotos para v?-las ampliadas
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Programa Jovem Empreendedor
O programa ? uma parceria entre o Sebrae,
Minist?rio do Trabalho,
Banco do
Brasil
e Caixa Econ?mica Federal - n?o acontece todos o anos - para jovens entre 16
e 24 anos. Em 2005, foram
abertas inscri?es.
Em Juiz de Fora, foram 52 projetos inscritos, 20 foram
aprovados e 15 participam do treinamento. A primeira etapa ? de capacita??o
dos jovens sobre o "saber empreender", finan?as, planos de neg?cios e pesquisa de mercado. O processo seguinte - que os selecionados se encontram,
atualmente - ? a consultoria para que os novos
empreendedores possam tra?ar seus planos de neg?cios. Por fim, os projetos
s?o encaminhados para a an?lise dos parceiros do programa.