Na avenida, no com?rcio ou nos barrac?es, tem muita gente feliz da vida por que vai trabalhar no carnaval. ? ?poca de ganhar dinheiro
Ricardo Corr?a
Rep?rter
17/02/06
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S?o os que enxergam a festa de momo como um neg?cio.
E um bom neg?cio. Na avenida, vendendo seus pr?prios produtos, nos barrac?es
e at? mesmo no com?rcio convencional, o carnaval ? uma ?tima oportunidade
para ganhar dinheiro e equilibrar as finan?as. Chega a ser incalcul?vel o n?mero de postos de trabalho criados na ocasi?o,
mas uma primeira an?lise j? revela n?meros de impressionar. O presidente da
Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora, Edson Tostes, calcula que, em
cada barrac?o sejam contratadas cerca de 50 pessoas. S?o 20 escolas, o que
j? daria mil oportunidades de trabalho. Na avenida, o n?mero fica pr?ximo de
500 pessoas, entre ambulantes, seguran?as e servi?os de apoio em geral. Mas
as coisas n?o param por a?, e nem s?o t?o simples.
"Existe um efeito cascata. A cidade inteira se movimenta e as vagas criadas
s?o infinitas. Algumas lojas especializadas no com?rcio contratam mais dois
ou tr?s funcion?rios, a ind?stria tamb?m se movimenta. As companhias de
bebida produzem muito mais e o volume disso tudo ? muito grande e imposs?vel
de calcular", conta Edson Tostes. Na avenida ?lvaro, de 19
anos, e Nelson, de 21, encaram o desafio pela primeira vez, mas n?o est?o
completamente sem experi?ncia no assunto. Isso porque sua m?e, que vende
refei?es ? domic?lio, j? trabalhou no carnaval do ano passado e eles
estavam na barraca. Dessa vez, os jovens toparam o desafio sozinhos e come?aram bem. Em uma
esp?cie de leil?o feito para escolher quem ocuparia uma das cinco grandes
barracas disponibilizadas na Avenida Brasil, eles faturaram aquela que
consideram a de melhor ponto. No leil?o, os lances eram fechados, em pap?is
que eram entregues a uma comiss?o. Depois de revelados, n?o era poss?vel dar
um lance maior, e quem fizesse a melhor oferta levava a barraca. Por R$
1.500, cinq?enta a mais do que outro concorrente, eles faturaram o ponto.
Investimento alto, que tamb?m deve ser composto de outros R$ 1.500 para
pagamento de funcion?rios, decora??o e outros gastos com o empreendimento.
Alto, mas que vale a pena, segundo eles. Ele e o irm?o, que faz faculdade de administra??o, explicam o que est?o
preparando para tentar convencer o foli?o e faturar mais alto durante os
quatro dias de festa. "S? v?o trabalhar pessoas da fam?lia. N?o tem nenhum estranho e a id?ia ?
fazer alguma coisa bem familiar, bem particular. A comida ser? minha m?e que
faz, vamos decorar com o tema do Brasil, tudo em verde amarelo", explica um
deles." "A id?ia ? inovar. Ter uma qualidade diferenciada. O cara que pensa em
carnaval j? logo pensa em confus?o, cotovelada, mas queremos que, dentro da
barraca, ele se sinta bem, em uma mesa, em um ambiente confort?vel, com
seguran?a", explica o outro. Mas cinco delas est?o com a Prefeitura. No caso dos
ambulantes, eles pagam R$ 100 para ter acesso ?s arquibancadas, que ? onde
estar? o p?blico. Os pontos de venda em que o vendedor coloca sua pr?pria
barraca custaram R$ 300 e, das barracas grandes, com ?gua e luz, a mais
barata acabou ficando por R$ 1.350. No Com?rcio Confec??o,
tecidos e aviamentos s?o os ramos que mais faturam nesta ?poca. Vendendo
plumas, paet?s e acess?rios que comp?em as fantasias dos foli?es e as
camisetas dos blocos, os lojistas esperam vender 40% a mais do que em outras
?pocas do ano. Pelo menos no com?rcio, o carnaval tamb?m deve atrair muita
gente da regi?o, disposta a comprar produtos mais baratos, em Juiz de Fora. Nos barrac?es E a criatividade e
sensibilidade dos carnavalescos s? se transforma em realidade porque existem
profissionais respons?veis por tirar tudo da cabe?a e do papel e colocar na
passarela. Para muitos desses, o carnaval ? mais do que uma paix?o, mas uma
oportunidade de ganhar dinheiro.
No barrac?o da Turunas do Riachuelo, por exemplo, duas realidades distintas.
Um iniciante na folia e um experiente trabalhador de barrac?es trabalham
juntos na mesma pe?a. Marterflaier Barbosa (foto abaixo), oito anos de dedica??o ao
carnaval. Ant?nio Braz(foto acima), um m?s de experi?ncia na arte de fazer
alegorias. O primeiro, design de ind?stria, quase perde as contas de quantos
desfiles ajudou a fazer. Foram v?rias escolas, temas e enredos, e o
apaixonado pelo carnaval espera continuar. Para isso, uma apertadinha na
agenda e um jeitinho para n?o precisar abandonar o trabalho fixo, em uma
f?brica de jeans.
Ao seu lado, Ant?nio trabalha em uma pe?a met?lica detalhada. O serralheiro
j? utiliza a t?cnica para moldar estruturas met?licas h? 18 anos, mas agora
prefere dizer que est? trabalhando com arte. Pela primeira vez participando
do carnaval, ele diz sempre ter gostado da folia. Foi por isso que aceitou o
desafio.
"Eu fico aqui de meio dia at? 17h30. ? uma oportunidade de trocar
conhecimentos, aprender um pouco mais sobre a parte art?stica", diz
orgulhoso,
ao lado de um p?ssaro enorme que enfeita um dos carros.
"Quem faz uma grade ou janela pode fazer tamb?m uma coisa maior, como esse
p?ssaro. E ? interessante pois aqui n?s mostramos muito mais o que fazemos.
Eu n?o tinha pensado em trabalhar no carnaval mas o Paulinho (Berberick,
carnavalesco da escola) convidou e eu acabei aceitando. Espero continuar
aqui", disse o serralheiro. Berberick ressalta a import?ncia de contar com profissionais que normalmente
n?o est?o ligados ao mundo do carnaval e revela at? uma competi??o entre as
escolas, em busca de talentos.
Em ritmo acelerado, ?s vezes at? imaginando que n?o vai dar tempo, os
barrac?es trabalham ouvindo samba. Mas as batidas e sons n?o s?o apenas dos
instrumentos, e sim de martelos, pregos, serras e outras ferramentas usadas
para criar um mundo que ir? passar pela avenida. Mais do que o dinheiro,
eles garantem: ? isso o que faz com que o trabalho seja recompensado, como
diz Marterflaier.
"D? vontade de cair na folia, mas temos a responsabilidade de deixar tudo
pronto. N?o ? um trabalho como qualquer outro. A diferen?a ? que aqui a
gente trabalha mais alegre".
O carnaval se faz com fantasias e ? das escolas de samba que sair? boa parte
do dinheiro investido no carnaval. A verba que a Prefeitura destinou para as
escolas aumentou este ano e isso faz com que a C?mara de Dirigentes Lojistas
(CDL-JF) aposte em um crescimento das vendas melhor do que no ano passado.