Fretes na pra?a Motoristas de kombis apostam na clientela fixa para garantir o sustento e se manter na atividade ao longo dos anos
Rep?rter
23/05/2006
M?rcio Souza Mendes, por exemplo, j? trabalha com fretes h? 10 anos. De l? para c?, n?o viu queda no movimento, nem aumento. Ele chega no seu ponto, na Benjamin Constant, esquina com Rio Branco, ?s 8h. L?, fica at? 19h e passa a maior parte do tempo ali, parado, esperando. S?o em m?dia dois fretes por dia, no m?ximo.
"O pre?o ? definido pelo local, se ? escada ou n?o, se tem ajudante ou n?o, o que tem que carregar, se ? uma ou duas viagens, por isso varia muito", explica M?rcio Souza, que lembra as dificuldades com os gastos de manuten??o. "Tem sempre algum problema, estamos sempre trocando o motor, trocando pe?as. Esse ? nosso maior gasto", conta M?rcio, que n?o aconselha ningu?m a entrar no ramo.
"Para quem j? tem mais tempo, j? tem freguesia, como eu, vale ? pena. Fica mais f?cil. mas para quem quer come?ar ? um pouco complicado. Mas eu gosto do servi?o e n?o pretendo sair. Vou aposentar aqui", diz o motorista.
Propaganda boca-a-boca
A melhor arma do neg?cio dos respons?veis por fretes ? a propaganda boca-a-boca. Alguns at? possuem cart?es com seus contatos e, ? atrav?s das pessoas que j? utilizaram o servi?o ? que chegam novos clientes. Assim, quem j? est? h? mais tempo na pra?a leva vantagem. Caso de Waldir. Ele j? trabalha com fretes desde 1984 e est? no mesmo ponto, na Benjamin com Rio Branco, todos os dias. Quando est? cansado, decide folgar, e escolhe a segunda-feira.
"? o dia mais fraco. Quinta, sexta e s?bado s?o os melhores dias", explica o motorista, que ressalta tamb?m os meses do ano em que o trabalho aumenta. "De outubro em diante come?a a melhorar. ? porque sai a primeira parcela do 13? sal?rio e a? as pessoas come?am a trocar os m?veis, eletrodom?sticos", conta o motorista.
"Se for muita coisa e n?o tiver ajudante, a? precisamos arranjar o "chapa" como n?s chamamos. A? fica mais caro", explica. Ele n?o pensa em mudar de ramo. Acha que vale ? pena e n?o reclama.
"Eu n?o trocaria por um emprego com carteira assinada n?o. S? se for por uns tr?s sal?rios ou mais. Por menos do que isso eu n?o troco", avisa.
Outra an?lise
H?lio, que prefere n?o dizer o sobrenome, nem aparecer, pensa diferente do colega. Ele tamb?m est? na fun??o h? 22 anos e diz que as coisas pioraram muito nos ?ltimos tempos. Por isso, ao contr?rio do amigo, aceitaria uma troca.
"Se abrisse alguma empresa e aparecesse um emprego por um sal?rio que fosse eu deixava isso aqui. Sem problemas. E a? os poucos que sobrariam teriam mais condi??o de trabalhar", explica.
Na verdade ? a concorr?ncia que faz com que H?lio se desanime. Ele diz que, de 10 anos pra c?, aumentou muito o n?mero de pessoas que fazem o trabalho, principalmente por causa do desemprego na ind?stria.
"Est? muito dif?cil. Quase n?o d? para pagar as despesas. Quando d? um problema e precisa trocar o motor, por exemplo, costuma voc? perder todo o dinheiro que gastou na semana e ainda ficar devendo nessas lojas de pe?as. De dez anos para c? o ganho reduziu 70% ou mais", conta ele.
Enquanto n?o aparece outra coisa e ele precisa ficar na pra?a, no entanto, n?o corre do trabalho.
"Fazemos a mudan?a e ajudamos a carregar com todo o prazer tamb?m. Deus vai ajudando e n?s vamos tocando a vida"