Repasse de produtos da agricultura familiar é merenda escolar garante expansão do mercado
Repasse de produtos da agricultura familiar à merenda escolar garante expansão do mercado A partir de contrato firmado entre associação de produtores rurais e PJF, jovens de escolas públicas terão acesso à alimentação escolar saudável
Repórter
24/11/2010
Desde o mês de outubro deste ano, agricultores familiares de Juiz de Fora e da região estão fornecendo alimentos diversos a 164 escolas públicas municipais da cidade.
A categoria vê, no fornecimento, a possibilidade de expansão do mercado, com aumento da produção, da comercialização e do número de empregos.
"Vejo como uma grande oportunidade de garantir emprego ao jovem que mora no campo, pois o que vemos é que a maioria quer sair do meio rural, por não enxergar possibilidade de crescimento", destaca o presidente da Associação Regional de Produtores Rurais e Feirantes da Agroindústria Familiar de Alimentos (Agrofar), Wander do Nascimento Ferraz.
A expectativa positiva por parte dos agricultores seria uma resposta à variação negativa registrada pelo setor da agropecuária no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O levantamento aponta 461 admissões até o mês de outubro deste ano, contra 505 desligamentos. Os dados, se comparados com os números de 2009, quando foram abertos 571 postos, contra 584 desligamentos, revelam que a admissão foi menor neste ano. Desta forma, o saldo, que já era negativo em 13 postos, subiu para negativo em 44, em 2010.
O fornecimento dos produtos às escolas, incluindo mel, biscoitos, doces e hortaliças, é possibilitado por meio de um contrato firmado entre os agricultores e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). O valor do convênio é de R$ 189 mil e tem como base a lei federal nº 11.947, que define que 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação devem ser destinados à compra de gêneros alimentícios produzidos pela agricultura familiar.
Ao todo, 44 famílias foram beneficiadas. Entre elas, está a produtora Rita Resende, de Caeté, que trabalha com biscoitos, bolos, broas e pães, repassando biscoitos de fubá com erva-doce sem glúten à alimentação escolar. "Até então, produzia apenas para a família. Com o projeto, a produção já cresceu aproximadamente 50%. Com isso, já vislumbro a ampliação da minha cozinha, transformando-a em industrial, respeitando as normas sanitárias."
Além do repasse da verba, efetuado pela PJF e destinado à compra de insumos, sementes e à manutenção da produção, os agricultores recebem assistência técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Para o engenheiro agrônomo e técnico do órgão, José Renato Santana, a expectativa de fixação do agricultor no campo é um dos resultados que deverão ser conquistados com a assinatura do contrato.
"Com a abertura da oportunidade do negócio, o jovem terá motivo para não sair do meio rural, o mercado será expandido, em consequência da maior procura pelos produtos, além da geração de renda ser incrementada."