Negócios de Juiz de Fora se adaptam ao digital para enfrentar pevãodo de isolamento

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Negócios de Juiz de Fora se adaptam ao digital para enfrentar período de isolamento

Especialista em Marketing diz que com a crise, ocasionada pelas restrições impostas pelo coronavírus, tornou-se vital ter marca ativa no meio online, até para sobreviver

Angeliza Lopes
Repórter
25/04/2020

Com restrição de funcionamento do comércio devido à necessidade de isolamento social, empresários têm buscado formas de se adaptarem à nova realidade que já completou 41 dias neste sábado, 25 de abril. Alguns lojistas, que tiveram suas atividades limitadas pelo decreto, precisaram parar 100% suas atividades, já que só atuam nas vendas de ‘porta aberta’, mas outros buscam nas vendas online a saída para reduzirem o prejuízo. Porém, em tempos de incerteza, especialistas já afirmam que negócios que não se adaptarem ao mundo virtual, com auxílio do Marketing Digital, podem ter os dias contados.

A limitação estabelecida pelo decreto municipal, que não tem data para terminar, traçou medidas para o enfrentamento do coronavírus em Juiz de Fora, e possibilita apenas a abertura dos estabelecimentos com serviços essenciais. Mesmo o setor de alimentos funciona com restrições rigorosas para evitar aglomerações, com mesas organizadas com distanciamento mínimo de dois metros entre elas, bem como medidas de higiene recomendadas pelos órgãos de saúde, dando preferência à entrega Delivery.

A situação desafia pequenos, médios e grandes empreendedores que precisam atentar-se ao desafio de manter suas redes sociais ativas, mesmo que estejam parados, ou, em determinados casos, criar uma vitrine online para garantir que a marca seja lembrada durante período atípico causado pelo COVID-19.

A estrategista de Marketing, Ciane Lopes, explica que independente do negócio ser apenas físico e estar fechado ou não, seu Marketing Digital deve ser visto com seriedade. A estratégia já era uma tendência e foi acelerada pelas circunstâncias atuais. “Se era importante antes visualizar seu empreendimento no digital, hoje tornou-se vital. Mesmo quem não está ativo, indico aprimoramento das habilidades digitais e profissionalização do uso das ferramentas online. Notamos um aumento da concorrência e o olhar profissional faz toda diferença”.

A estratégia para interagir nos canais pela Internet é plural e é indicada mesmo para quem não pode ou não deve vender neste momento. Ciane detalha que a marca deve sempre estar conectada com seu consumidor, mesmo que não seja para vender, de fato. “Dependendo do produto, se for mostrado de forma agressiva para venda, pode soar negativo, já que as pessoas estão voltadas para cuidado com saúde, bem estar de seus familiares, preocupações financeiras, pois não sabem se serão mantidas em seus empregos, e ainda, estão entendendo esta nova rotina”, analisa a especialista, aconselhando que o negócio pode se conectar ao cliente de forma afetiva e empática. “Você deve pensar em como seu produto pode ajudar as pessoas a encararem esse momento de uma forma mais confortável, associando seu tema aos conteúdos de psicologia para lidar com ansiedade, como organizar seu home office, sua casa, como vestir para trabalhar em casa, extrapolando o universo da marca”.

Mesmo que o empreendedor não produza conteúdo para interagir de forma mais intimista com seu público, a especialista recomenda que a marca posicione-se em relação a como tem adaptado seu negócio para atender as normas de segurança para a preservação da saúde de seus funcionários e clientes. “Mostrar as ações de responsabilidade coletiva que a empresa está realizando dá uma sensação de que estamos juntos e que não paramos”, destaca.

Mais que trabalhar com toda a estratégia para passar por este momento, os produtos terão que pensar de forma mais aprofundada sobre depois do período de isolamento e retorno do movimento nas ruas. “As lojas estão muito acostumadas a aguardar apenas o fluxo local, mas quando o comércio voltar, a realidade já estará diferente. 95% das lojas Starbucks foram reabertas na China mas o movimento na loja é de 60% do que era. As pessoas compram e vão embora. Algumas tendências: home office; telemedicina; redesenho de lojas físicas para proporcionar melhor experiência para continuar a atrair o consumidor;  shopping adotando medidas de segurança quanto ao fluxo e também plataformas de venda online; sai o estoque just in time e entra o estoque just in case (maiores estoques de segurança para quem tem cadeias longas de fornecimento); revisão de hábitos de viagem; novos formatos de educação; novas tecnologias em todos os setores. O cenário incerto já provoca mudanças no hábito de consumo”. O que comprova estas alterações é que no início do mês de abril 30% das vendas em e-commerce foram realizadas pela primeira vez, informa Ciane. “Se antes as pessoas estavam resistentes a esta realidade de compra, agora se permitiram mais a isso. Para acompanhar, as marcas precisam criar valor e renovar para sobreviver”.

Negócios ampliam presença no digital

Em Juiz de Fora, algumas lojas e restaurantes já estão adotando estratégias para ampliação dos negócios no mercado digital. Felipe Vilaça, proprietário da Joalheria Vilaça, afirma que nenhum comerciante de ‘porta aberta’ pode dizer que estava preparado para este cenário. Mesmo com capital de giro e reservas, ele diz que tem como manter toda estrutura que possui, atualmente, mas, até certo ponto. “Não sabemos quanto tempo isso vai durar. Com nove anos de existência e três lojas na cidade, a joalheria vinha de um período de expansão e isso quer dizer maior investimento”, relata.

Gerenciamento de crise

Como forma de gerenciar a crise presente em todo o mercado, a estrategista Ciane Lopes orienta os comerciantes locais pesquisarem sobre a condição atual do mercado e já se preparar, inclusive, para possíveis mudanças em um futuro próximo. “Já pode ser planejado uma mudança de área, estrutura, ou pensar em outras oportunidades. Você só consegue minimizar se souber a situação real”. Outra ação é se informar das medidas governamentais que estão sendo implementadas para auxiliar e dar suporte aos empresários. “Não dá para ficar desinformado, desesperado e não fazer nada. Passar por este período sem um plano é garantia de amargar prejuízos depois”, reforça.

Para a especialista, o primeiro passo neste momento é reunir o time da empresa em um comitê e levantar o cenário mais agressivo e de maior impacto sobre o negócio para traçar ações observando as realidades de caixa para daqui a 15 dias, 30 dias, 60 e 90 dias. “Não tenho como bancar isso? Preciso levantar ações de contingenciamento ou redução de custo para não perder valor e qualidades? É necessário pensar. Talvez uma medida do governo possa ser uma ferramenta que ajude a enfrentar o momento. Manter o posicionamento da marca e memória viva ente a carteira de clientes, tudo deve ser avaliado e pensado”, completa.