Quando eu admito a possibilidade de não estar totalmente correto

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Quando eu admito a possibilidade de n?o estar totalmente correto
 André Salles 2/12/2014

Quando eu admito a possibilidade de não estar totalmente correto

Para estabelecer o "salto qualitativo" que nos liberta dos "pensamentos pré-estabelecidos" é necessário que façamos uma alusão à morte. Algo tem que morrer ou deixar de existir para que outro "algo", superior, possa exercer sua força, neste caso, o "correto pensar", as substâncias e as forças dos indivíduos.

As atuais práticas aplicadas às organizações precisam ser substituídas por este "correto pensar", por substâncias e forças individuais afins aos princípios da organização. Não queremos dizer, com isto, que as práticas atuais são desprezíveis; mas, uma vez que tudo está em constante movimento, constante mudança, estas também precisam ser "modificadas" de acordo com coordenadas precisas de tempo e de espaço. Modificadas no sentido de "transformadas".

Poderíamos traçar um longo percurso no sentido de antecipar algo que poderia ser uma claridade a desfazer a rigidez encontrada naquilo que eles chamam, hoje em dia, de prática do pensamento, que na verdade é um pensamento "automatizado". De igual forma na contribuição de cada indivíduo para o grupo organizacional. Tal claridade pode ser descrita assim: "Eu, como um líder, preciso admitir a possibilidade de eu não estar totalmente correto em meu pensar, em meu sentir e em meu agir, em um dado momento".

Em um "dado momento" porque os processos sempre mudam de tempos em tempos. Então, para que eu possa saber (tomar consciência) da existência deste constante movimento que existe também no ambiente organizacional é preciso que eu saiba que dentro deste movimento organizacional "algo" está "oculto" ali o qual eu não possuo acesso imediato (direto) ou controle.

Rudolf Steiner chamou este "oculto" de "suprassensível". É este "suprassensível" o elemento que empreende "uma luta contínua com as substâncias e forças do elemento mineral no corpo físico". Assim sendo, existe na organização, também, uma "luta contínua" para a manutenção da vida empresarial. Existe sim uma "luta contínua" para que ela não venha a "falecer". Poderíamos enumerar os motivos?

Quando eu admito a possibilidade de eu não estar "totalmente correto", porque existe um "suprassensível" que dá movimento à organização, eu me "abro à verdade" do fluir organizacional e assim consigo visualizar um "algo" que se constitui em uma "saída" para a saúde no trabalho. Na verdade, eu passo a ter acesso ao "suprassensível", inicialmente, através de seus efeitos que são "claramente discerníveis para o julgamento limitado e manifesto" que estamos habituados a pensar (fazer).

Quero dizer, contudo, que o que está "oculto" no ambiente organizacional se expressa na forma em que o trabalho é executado dentro da organização. Este "oculto" se expressa na forma (figura) no trabalho onde estão integradas as substâncias e as forças que dão movimento ao trabalho na organização. Importante saber que tais substâncias e forças estão alocadas nos indivíduos que ali laboram. Elas não se encontram em lugar diferente dos indivíduos e é por isto que eles são responsáveis, também pela própria saúde no trabalho. É por isto que devem estar, desde o processo admissional, preparados para as mudanças e, sobretudo para darem "forma" a estas mudanças.


André Salles é Bacharel em Psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora; Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicologia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MG; Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF; Formação em Docência pelo DETRAN-MG - atuou como Professor e pesquisador em Psicologia Aplicada em Centros de Treinamentos de Condutores na cidade de Juiz de Fora; Foi Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM; Conselheiro Administrativo em Psicologia do Trabalho junto ao Instituto Joaquim Soares de Oliveira, na cidade de Santos Dumont - MG; Detentor de Cargo Público do Governo Federal, onde atua em serviços Técnicos na área Operacional de Gestão de Pessoas, desde o ano de 2001; Psicólogo do Trabalho e Psicólogo Clínico vinculado à Associação Brasileira de Psicólogos Antroposóficos; Curso em Formação Antroposófica e Educação Waldorf – Foundation Courses and Waldorf Certificate Program - pelo Sophia Institute – US.Saiba mais clicando aqui