Affonso Romano de Sant'Anna
Escritor lan?a novo livro em Juiz de Fora
Luciana Mendon?a
18/07/2001
?Juiz de Fora, hoje, ? outro mundo?, afirma o escritor, comparando o atual momento cultural da cidade com o que vivenciou no passado. ?O Festival de M?sica Colonial, por exemplo, ? de alt?ssimo n?vel. Com 18 anos, eu fazia cr?tica do nada existente na cidade. Cheguei a procurar o Pantale?o Arcuri (importante empres?rio local da ?poca), na tentativa de resgatar a cultura art?stica, e fui informado de que n?o havia nem piano de calda aqui?.
A preocupa??o com a cultura de Juiz de Fora ? uma atitude constante de Affonso Romano. Neste m?s, o escritor realizou nova doa??o de livros de seu acervo pessoal para a Biblioteca Municipal Murilo Mendes. Esta ? a quarta doa??o, somando 2 mil exemplares. ?Pretendo continuar doando, para contribuir para o futuro dos leitores de Juiz de Fora?, afirma. A Funalfa est? catalogando os livros e pretende transformar a biblioteca em uma refer?ncia da poesia latino-americana.
Ainda menino, ele freq?entava as bibliotecas da cidade. Foi em jornais juizforanos que iniciou sua carreira como escritor, aos 16 anos, com cr?ticas di?rias sobre teatro e cinema na Gazeta Comercial e, mais tarde, no Di?rio Mercantil.
De sua inf?ncia, Affonso Romano recordou-se, durante a entrevista, das brincadeiras no morro que havia na C?ndido Tostes e de quando nadava em um a?ude em S?o Pedro. Ele morou em cerca de dez endere?os: na rua S?o Mateus, na rua Padre Thiago, na C?ndido Tostes, dentre outras. ?As Paradas de 7 de Setembro tamb?m est?o marcadas na minha mem?ria. Eu estudava no Granbery e havia disputas de jogos com a Academia. Anos depois, me lembro de quando servi o Ex?rcito - fiquei muitas vezes de sentinela.?
?Barroco: do quadrado ? Elipse?
Atualmente, o escritor est? trabalhando em outro livro de ensaios e, al?m de escrever as cr?nicas semanais para o caderno Prosa e Verso do jornal O Globo, tem viajado para outros pa?ses, para participar de cursos e confer?ncias.
A arquitetura de Oscar Niemeyer ? outro exemplo citado pelo autor. ?A
elipse, a movimenta??o, a linha curva e o descentramento s?o caracter?sticas
do barroco que podem ser notadas nas colunas do Pal?cio da Alvorada, em
Bras?lia?. Com uma linguagem simples e quase did?tica, o livro tem um car?ter
enciclop?dico. Aborda temas poucos explorados como a gastronomia, o
vestu?rio e a pr?pria guerra barroca e interpreta obras de grandes
escritores, desde padre Ant?nio Vieira, at? cl?ssicos do s?culo 20, como
Joyce, Kafka, Borges e Garc?a M?rquez, os brasileiros Euclides da Cunha,
Guimar?es Rosa, Osman Lins e at? o cineasta Gl?uber Rocha. O professor Foi presidente da Biblioteca Nacional de 1990 a 1996. Criou o Sistema
Nacional de Bibliotecas, que re?ne 3.000 institui?es, e o PROLER (Programa
de Promo??o da Leitura), que contou com mais de 30 mil volunt?rios e
estabeleceu-se em 300 munic?pios. Publica?es Seu primeiro livro, o ensaio "O Desemprego da Poesia", foi lan?ado em 1962,
quando Affonso tinha 25 anos. O primeiro livro de poesias, ?Canto e
Palavra?, saiu em 1971. J? a primeira publica??o como cronista, ?A Mulher
Madura?, aconteceu em 1986. Suas obras, assim, como a biografia, poemas e outros textos podem ser
consultados no site http://pagina.de/affonso
Fam?lia
Affonso Romano ? filho do Capit?o da Pol?cia Militar de Belo Horizonte,
Jorge Firmino de Sant'Anna e de D. Maria Romano de Sant'Anna. Em 1965,
nasceu sua primeira filha, Fabiana. Casou-se em 1971 com a escritora e
jornalista Marina Colasanti. Alessandra, a segunda filha, nasceu em 1972.
Doutor em Letras pela UFMG, sua tese ?Carlos Drumond de Andrade, o Poeta
"Gauche", no Tempo e Espa?o" foi publicada em 1972, tendo recebido os quatro
pr?mios mais importantes da literatura brasileira. Lecionou nas
universidades da Calif?rnia e Texas (EUA), Aix-en-Provence (Fran?a), Col?nia
(Alemanha), PUC-RJ e UFRJ.
Affonso Romano foi considerado pela revista Imprensa um dos dez jornalistas
que mais influenciam a opini?o p?blica. Ele escreve cr?nicas, todos os
s?bados, no caderno Prosa e Verso do jornal O Globo. ? tamb?m considerado um
sucessor de Carlos Drummond de Andrade, tendo substitu?do o escritor a
partir de 1984, como cronista do Jornal do Brasil.