Iacyr Anderson Freitas
Mirante j? representa uma provoca??o. "Eu
nunca havia escrito, publicado um poema dentro da m?trica cl?ssica
tradicional", confessa. A dic??o classiscizante dessa colet?nea ?
intencional. O t?tulo re?ne uma s?rie de poemas de resgate biogr?fico e
medita??o metaf?sica. J? a colet?nea A po?tica do escasso,
t?tulo que remete ? obra de Bachelar, Po?tica do Espa?o, representa
um acerto de contas pessoal do poeta com a tradi??o intelectual que o formou
como leitor. Os poemas t?m estrutura cl?ssica com um toque de humor e
sarcasmo muito grande. S?o textos voltados para intelectuais como S?crates,
Nietsche e o pr?prio Bachelar e poemas que servem de tributo a outros poetas
como Cruz e Souza, Jo?o Cabral de Mello Neto e aos conterr?neos Edmilson,
Fernando Fiorese e Pedro Nava. Toda gente dialoga com outros dois
livros do poeta, Pedra Minas e Memorable. O t?tulo ? um
resgate de falas e personagens ?s vezes ficcionais que povoaram a inf?ncia
do eu-l?rico - e do pr?prio Iacyr - no interior de Minas Gerais.
A colet?nea Exerc?cio estrangeiro junto
com A po?tica do escasso e Toda gente tamb?m trata da
recupera??o do discurso do outro, geralmente em primeira pessoa. "Enquanto
Toda gente mostra um horizonte afetivo de um falar coloquial, A
po?tica do escasso, pelo pr?prio di?logo dos 'eus' ? um texto de debate
intelectual", explica o poeta. J? Exerc?cio estrangeiro
faz uma ponte clara entre esses dois t?tulos, representando a vontade de ser
um estrangeiro e de falar dentro do corpo de outro. O t?tulo representa a
ponte da obra atual com os livros publicados por Iacyr por ser semelhante a
estes. A partir da?, os t?tulos j? se mostram mais familiares ?s publica?es
anteriores, boa parte deles escritos nessa mesma ?poca como por exemplo
Terra al?m.
A colet?nea busca a
transcend?ncia, trata a problematiza??o da morte como rito de passagem -
eco que surge em quase todos os poemas", define Iacyr.
O ocaso de junho tamb?m dialoga com os
livros anteriores na busca do horizonte do imagin?rio. No t?tulo, o poeta
traz ? tona a multiplicidade da vida e a limita??o da linguagem para
verbalizar a celebra??o poliss?mica do mist?rio do mundo.