Itaú Unibanco prevê inadimplência retornando aos patamares pré-pandemia

Por LUCAS BOMBANA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, afirmou nesta terça-feira (9) que espera que o índice de inadimplência siga na recente trajetória de alta observada ao longo dos últimos meses. Em especial, entre o público pessoa física.

"Olhando para frente, o cenário inspira cautela. Desde o terceiro trimestre do ano passado tenho dito que nossa inadimplência ia subir, sobretudo na pessoa física", afirmou Maluhy Filho, durante conversa com jornalistas para comentar os resultados do banco no segundo trimestre. "A gente continua vendo uma normalização gradual da inadimplência."

Ele acrescentou que o avanço dos pagamentos em atraso tem ocorrido de forma mais importante em categorias voltadas ao consumo, como cartão de crédito e veículos.

"Estamos ajustando a concessão de forma importante nesses segmentos específicos onde temos sentido uma deterioração do crédito", disse o presidente do Itaú Unibanco.

O índice de inadimplência acima de 90 dias da instituição financeira atingiu 2,7% em junho, contra 2,3% em junho de 2021, e 2,6% em março deste ano.

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos encerrou o trimestre em 4,4%, ante 3,6% há um ano, e 4,1% em março deste ano.

O executivo afirmou ainda que a inadimplência tende a se estabilizar em níveis próximos ao observado no período pré-pandemia.

Em março de 2020, o índice de inadimplência do Itaú Unibanco estava em 3,1%. E entre as pessoas físicas, em 5,1%.

Na sexta-feira (5), o presidente do Bradesco, Octávio de Lazari Junior, já havia sinalizado a expectativa de uma continuidade na tendência de alta da inadimplência nos próximos trimestres.

Também em linha com o concorrente, o presidente do Itaú Unibanco disse que o banco não tem a intenção de oferecer a linha de crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, sancionado na quarta-feira (3) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Entendemos que não é o produto certo para o público vulnerável [que recebe o benefício]. Dessa forma, o banco decidiu não operar", afirmou Maluhy Filho.